Tiago Pereira: um sopro de sonho algarvio à beira-mar croata
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: FPT. Tiago Pereira voltou a perder uma final em Bol, na Croácia. |
Algarvio vice-campeão em Bol
Na luz dourada de Bol, onde o Adriático acaricia as falésias e o tempo parece desacelerar, Tiago Pereira voltou a roçar a glória com os dedos. Tal como na semana passada, o jovem algarvio de 20 anos chegou à final do torneio ITF de 25 mil dólares e, uma vez mais, o desfecho não foi o que o seu talento quase sussurrava ser inevitável. Foi derrotado por Rudolf Molleker — alemão de pancadas pesadas e ‘ranking’ ligeiramente acima — por 6-4, 6-7 (5) e 6-3, num duelo onde o equilíbrio oscilou como maré entre rochedos.
Um começo travado pela eficácia alemã
No primeiro ‘set’, um break precoce
bastou para o vento soprar a favor adversário. Tiago, firme, mas contido, não
encontrou brechas no serviço germânico. Ainda assim, resistiu com a serenidade
de quem sabe que os jogos se decidem nos detalhes e a espera, por vezes, também
é uma forma de ataque.
O segundo ‘set’ revelou o coração do
português. Após sofrer um break logo no primeiro jogo, ergueu-se com
compostura. Passou a comandar, chegou ao 4-2, mas foi preciso ir ao tiebreak
encontrar justiça. Três pontos consecutivos — como três pinceladas firmes sobre
uma tela em branco — selaram o empate e reacenderam a esperança.
O terceiro ‘set’ e os detalhes que
decidem tudo
O terceiro ‘set’, como tantos
capítulos finais, foi escrito em tons de quase. Tiago teve logo uma
oportunidade de quebrar no jogo inaugural, mas a concretização escapou-lhe por
milímetros. Foi Molleker, no quarto jogo, quem encontrou a brecha e a aproveitou.
Mesmo quando tudo parecia decidido, o jovem português ainda ameaçou, com um
break point enquanto o alemão servia para o título. Mas a história insistiu em
manter-se igual: mais uma final, mais uma travessia que terminou à vista da
outra margem.
Nova marca pessoal no ‘ranking’ ATP
No entanto, se há derrota que se
transforma em conquista, é esta. Tiago Pereira, que há somente duas semanas era
o 400.º do mundo, ascende esta segunda-feira ao 373.º posto da hierarquia ATP —
o mais alto da sua ainda breve carreira. Duas finais consecutivas em solo
croata selam uma quinzena de excelência, como quem diz ao futuro: “estou
pronto”.
Na despedida de Bol, não há lamento.
Há mar. Há sol. E há um jovem português a levar consigo a certeza de que o
ténis, tal como a poesia, vive também do que não se vê no marcador.
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