Portugal no Europeu de Veteranos: Raquetes e histórias para contar aos netos

Por António Vieira Pacheco
O espírito do Campeonato da Europa de Veteranos de ténis de mesa é a amizade.
Créditos: Direitos Reservados. Há boa disposição na comitiva portuguesa.  
 
Portugal a competir e viver o Europeu de veteranos

Enquanto muitos aproveitam o calor ameno e as margens serenas do Danúbio para momentos de lazer, uma comitiva portuguesa escolhe um percurso distinto em Novi Sad: o desafio contínuo das mesas de ténis de mesa no Campeonato da Europa de Veteranos. Nos últimos dois dias, o país viu alguns dos seus melhores atletas garantirem presença no quadro principal das suas categorias, reafirmando a força e a tradição lusitana nesta modalidade.

A cidade sérvia, conhecida pelas suas paisagens ribeirinhas e pelo imponente castelo de Petrovaradin, transformou-se no epicentro do ténis de mesa veterano. Entre o tilintar das bolas e o ritmo frenético das raquetes, o que se respira é uma combinação rara de paixão, técnica e a serenidade que só a experiência proporciona. Portugal, com nomes como Olga Chramko, Paula Penedo, José Alvoeiro, João Oliveira, Jorge Simões, Rui Agrela, João Paulo Brito, Pedro Loureiro, Eduardo Silva, Manuel Mariano, Joaquim Barbosa, Nuno Antunes, João Tenente e João Gouveia, está bem representado e prepara-se para deixar a sua marca nas fases decisivas da competição de singulares.

O prestígio do quadro principal

Garantir a entrada no quadro principal da mais importante competição do Velho Continente é mais do que ultrapassar uma etapa. É uma confirmação de mérito, uma conquista que reconhece esforço, persistência e excelência. Para estes atletas, o apuramento simboliza o direito de competir lado a lado com os melhores da Europa, uma oportunidade de mostrar a qualidade do ténis de mesa português e reforçar a sua presença nos palcos continentais.

A dupla portuguesa é candidata às medalhas em Novi Sad.
Créditos: Direitos Reservados. Dupla sonha com medalha.

Olga Chramko é um dos rostos mais conhecidos da equipa feminina. Com uma carreira marcada pela garra e serenidade, traz consigo não só a sua própria história, mas também o orgulho de ser mãe de uma jovem internacional portuguesa. A sua participação transcende o simples resultado; é uma inspiração e um elo entre gerações, que mostra como o ténis de mesa pode ser um legado familiar, passado com amor e dedicação.

Paula Penedo, com os seus 48 anos, é outro exemplo de determinação que não esmorece. A veterana, que trouxe para casa o bronze na edição anterior na Noruega no escalão W50, mantém vontade e sorriso contagiante que encantam dentro e fora das mesas. “Cada jogo é uma meta”, partilhou em entrevista, revelando a filosofia que a tem guiado ao longo dos anos. Para Paula, o ténis de mesa é mais do que um desporto; é um modo de vida, um espaço onde a superação pessoal e a alegria se encontram.

Entre os homens, o lendário José Alvoeiro permanece um pilar do ténis de mesa nacional, combinando a sabedoria adquirida em anos de competição com a paixão que nunca esmoreceu. A par dele, João Oliveira e João Gouveia representam a nova e média geração de veteranos, trazendo frescura e ambição para este campeonato. A diversidade de idades e estilos é um dos traços que conferem riqueza à participação portuguesa.

Muito mais que competição: uma lição de vida

O ambiente em Novi Sad não é apenas o de uma competição acesa; é também um espaço de aprendizagem e convivência. O ténis de mesa, para estes veteranos, é uma disciplina que exige não só técnica, mas também concentração, resistência mental e espírito de equipa. Cada ponto jogado é uma aula de disciplina, onde o corpo e a mente se unem para superar limites e desafiar o inevitável.

Mais do que lutar por medalhas, estes atletas abraçam o espírito do desporto enquanto uma oportunidade para crescer, partilhar experiências e celebrar a longevidade do seu amor pela modalidade. É um cenário onde o passado e o presente se cruzam, onde o rigor da competição se equilibra com a leveza da camaradagem.

Entre jogos e pausas, o charme de Novi Sad

Os próximos dias prometem batalhas intensas nas mesas. Hoje é dia de descanso, ou talvez não! Cada jogo trará o seu próprio ritmo, a sua imprevisibilidade e a emoção de quem luta por um lugar no pódio. Mas entre partidas e treinos, sobra tempo para respirar e absorver o encanto desta cidade histórica. É comum ver jogadores e treinadores aproveitando momentos para explorar as ruas antigas, captar uma fotografia com a imponente fortaleza de Petrovaradin ao fundo ou simplesmente desfrutar de um café tranquilo junto ao Danúbio.

Essa pausa é, talvez, o maior luxo do Europeu de Veteranos: encontrar o equilíbrio perfeito entre o rigor do desporto e a leveza da viagem. É neste encontro que reside a verdadeira beleza do torneio, que se desenrola a meio de junho, sob o olhar atento de um público que sabe apreciar não só o talento nas mesas, mas também a história e a cultura que envolvem a prova.

Portugal cada vez mais presente na elite europeia

A presença significativa de atletas lusos no quadro principal é também um sinal do crescimento contínuo do ténis de mesa em Portugal, especialmente no segmento veterano. A modalidade, que há décadas tem ganho adeptos e praticantes de todas as idades, encontra neste campeonato uma vitrina ideal para mostrar a sua evolução.

O empenho dos atletas e o entusiasmo dos adeptos formam a base de um projeto que não se limita a competir, mas que procura construir uma identidade forte e duradoura para o ténis de mesa nacional.

Assim, entre a intensidade da competição e a suavidade das margens do Danúbio, a comitiva portuguesa avança em Novi Sad com um objetivo claro: honrar o passado, desafiar o presente e escrever novos capítulos de glória para o ténis de mesa de Portugal.


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