Olga Chramko nas meias-finais: bronze garantido em Novi Sad no Europeu

                                                                Por António Vieira Pacheco

A portuguesa de origem russa está na meia-final do Europeu de Veteranos em W45.
Créditos: FPTM. Olga habituada a vencer. Apurada para as meias-finais.

Talento sereno, resultados concretos

Aos 48 anos, Olga Chramko continua a mostrar que a idade é somente um número. No Campeonato Europeu de Veteranos de Ténis de Mesa, que decorre em Novi Sad, na Sérvia, a atleta portuguesa garantiu esta quinta-feira um lugar nas meias-finais da categoria W45 — e, com isso, uma medalha de bronze já assegurada.

Segue-se o próximo desafio: a norueguesa Laura Krumina, num duelo decisivo rumo à final, onde técnica, concentração e paciência voltarão a estar à prova. Independentemente do desfecho, a sua caminhada já é memorável — e representa mais uma afirmação da força tranquila do ténis de mesa português.

Quase 30 anos de excelência

Nascida na Rússia, Olga chegou cedo a Portugal, onde encontrou solo fértil para desenvolver o seu talento. Iniciou o percurso no Círculo Católico de Operários do Porto, seguiu para o histórico clube de Mirandela e estabeleceu-se finalmente na Madeira, representando atualmente a ADC Ponta do Pargo.

Ao longo de quase três décadas, construiu um currículo sólido, sustentado na regularidade, na inteligência tática e num compromisso invulgar com o detalhe. Conquistou quatro títulos nacionais de seniores — em 2016, 2018, 2020 e 2024 — sempre com o mesmo estilo calmo e meticuloso que hoje continua a dar frutos no panorama europeu.

É, sem dúvida, um nome que atravessa gerações no ténis de mesa nacional, com a mesma serenidade que imprime ao seu jogo.

Uma mestra da defesa

Num desporto onde a velocidade e o ataque predominaram ao longo dos anos, Olga vai na direção contrária — e é aí que reside com o seu brilho. Com um estilo defensivo de rara elegância, transforma cada ponto num pequeno jogo de paciência. Prefere construir do que impor, controlar em vez de arriscar.

A sua capacidade de leitura do jogo, antecipação e resistência mental fazem dela uma jogadora extremamente difícil de bater. E mais do que isso: fazem dela uma lição viva de que a defesa, quando bem executada, é uma forma refinada de ataque.

As suas vitórias, hoje, em Novi Sad refletem essa abordagem metódica. Nos oitavos de final, superou a atleta Tatiana Seregina (AIN) num jogo muito equilibrado por 3-2 (11-6, 4-11, 11-9, 7-11, 11-3), demonstrando sangue-frio nos momentos decisivos. Nos quartos de final, impôs-se com autoridade frente à austríaca Martina Kapfinger, vencendo por 3-0 (11-4, 11-5, 11-3).

Mais do que uma jogadora

Além das qualidades técnicas, Olga destaca-se pelo seu papel dentro da comitiva portuguesa. É uma figura de referência, um exemplo silencioso para as colegas. Não é de discursos ou exibições — é de gestos firmes, consistência diária e uma ética de trabalho que se impõe naturalmente.

Na sua postura calma há liderança. No seu jogo disciplinado há ensinamento. Por isso, Olga não é apenas a atleta que chega às medalhas: é a mentora, a inspiração e, por vezes, o espelho onde outras se reveem.

Medalha já é certa — mas há mais para conquistar

A vitória nos quartos de final trouxe consigo o apuramento para as meias-finais e, com ele, a medalha de bronze garantida. É já um feito assinalável, que enriquece o palmarés da atleta e reforça o nome de Portugal na prova. No entanto, quem conhece Olga sabe que a sua ambição é tranquila, mas persistente.

Na meia-final, o desafio será frente à norueguesa Laura Krumina, uma adversária sólida e experiente. O encontro promete um duelo tático de alto nível, onde cada ponto poderá ser disputado como um xadrez em movimento.

Para Olga, será mais uma oportunidade de mostrar que, no desporto, como na vida, a constância pode ser mais poderosa do que a velocidade.

Portugal bem representado

A presença de Olga entre as semifinalistas é o ponto mais alto da participação portuguesa até ao momento, mas não o único. A também veterana Paula Penedo atingiu os quartos de final da mesma categoria, depois de vencer a húngara Alexandra Haaranen por 3-2 (12-10, 9-11, 11-8, 9-11, 4-11) num jogo disputadíssimo. Acabaria eliminada pela atleta independente Svetlana Popovtseva por 3-0 (11-6, 11-8, 11-9), num encontro mais equilibrado do que o resultado faz parecer.

A estas prestações somam-se as participações meritórias de nomes como José Alvoeiro, João Oliveira e João Gouveia, que têm representado Portugal com garra e dignidade, contribuindo para um ambiente de grande união e entreajuda na delegação.

Um exemplo que resiste ao tempo

A portuguesa é o exemplo perfeito de que o talento não tem prazo de validade. Continua a competir, a vencer e a inspirar. A medalha de bronze em Novi Sad já é uma recompensa merecida, mas o que ela simboliza vai além do pódio: é a prova de que a longevidade no desporto é possível — quando alimentada por paixão, método e resiliência.

Em cada serviço, cada devolução, cada ponto disputado com elegância e precisão, Olga reafirma que o ténis de mesa é um jogo de inteligência e paciência, onde o tempo não é obstáculo, mas aliado.

Acompanhe tudo com a paixão de sempre

O seu percurso é motivo de orgulho para o desporto português. Uma atleta que une gerações, que joga com a cabeça e com o coração, e que nos recorda que a verdadeira excelência não se mede em velocidade, mas em permanência.

Acompanha todas as atualizações do Campeonato da Europa de Veteranos  e as histórias que inspiram — porque o desporto, tal como Olga, não envelhece: amadurece.

Singulares Femininos – 45 – Mapa Final

 Quartos de Final

Olga Chramko, 3 – Martina Kapfinger (AUT), 0 (11-4, 11-5, 11-3)
Svetlana Popovtseva (AIN), 3 – Paula Penedo, 0 (11-6, 11-8, 11-9)

 

Oitavos de Final

Olga Chramko, 3 – Tatiana Seregina (AIN), 2 (11-6, 4-11, 11-9, 7-11, 11-3)
A. Haaranen (HUN), 2 – Paula Penedo, 3 (12-10, 9-11, 11-8, 9-11, 4-11)


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