Nuno Borges floresce na relva holandesa com triunfo seguro na estreia da temporada

                                                                   Por António Vieira Pacheco

Lidador entrou com a mão quente na temporada de relva.
Créditos: ATP Tour. Lidador também sabe jogar em relva.

Relva que acolhe, passo que marca

Nuno Borges entrou com o pé direito na temporada de relva ao vencer esta segunda-feira Nishesh Basavareddy por 7-6 (2) e 6-2, em somente 1h14 de jogo, na primeira ronda do ATP 250 de ‘s-Hertogenbosch, nos Países Baixos. Com este triunfo, o número um português — e 38.º classificado do ‘ranking’ ATP — carimba o passaporte para os oitavos de final, onde continua a defender o estatuto de sétimo cabeça de série.

O tenista maiato até começou mal, vendo-se rapidamente em desvantagem por 1-4 no ‘set’ inaugural. Mas, como quem se adapta ao terreno com instinto de sobrevivência e sabedoria de artesão, recuperou a compostura e virou o rumo do encontro. O jogo ganhou então o seu ritmo natural — e foi o maiato quem passou a conduzi-lo.

A dança entre relva e raqueta

Na relva, cada ponto é um risco, cada deslize pode ser fatal. Mas o Lidador soube ler o piso e ditar as suas próprias regras. Com 12 ases disparados e 28 winners em somente dois ‘sets’, mostrou que a sua adaptação ao verde já é mais do que sólida — é natural.

O tiebreak do primeiro ‘set’ revelou a sua superioridade mental e tática. No segundo parcial, o controlo foi absoluto, com variações de ritmo, subidas à rede bem medidas e pancadas profundas que deixaram Basavareddy sem margem de resposta.

Um adversário por definir

Na próxima ronda, o Lidador aguarda agora pelo desfecho do duelo entre o finlandês Otto Virtanen, wild-card e recente campeão de um Challenger em relva, e o argentino Tomás Etcheverry, top 50 ATP. Dois perfis diferentes, dois desafios distintos, mas ambos exigentes.

Mais do que a vitória, o que se viu foi um tenista cada vez mais confiante no seu caminho. A relva, que tantos exige e poucos perdoa, parece sorrir ao português. É um terreno instável, mas que favorece os ousados e criativos — e Borges tem demonstrado ser ambos.

Esta estreia marca o início de uma campanha que pode ser significativa. Em vésperas de Wimbledon, onde todos os olhos estarão virados para os especialistas do piso, Borges dá sinais de que pode ser protagonista — talvez ainda em silêncio, mas já com autoridade.

Portugal observa, o mundo começa a notar

Com a vitória em ‘s-Hertogenbosch, Borges soma mais um capítulo ao seu percurso firme no circuito ATP. Portugal assiste com orgulho ao crescimento do seu número um, enquanto o resto do mundo começa a perceber que este nome não é apenas mais um na lista: é alguém que vem para ficar.

Na relva, como na vida, é preciso saber cair e levantar-se com leveza. E Borges, esta segunda-feira, mostrou saber fazer ambos com a elegância de quem escuta o jogo — e responde-lhe com talento.

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