Matilde Jorge sobe ao trono em casa: o destino escreve-se em Guimarães

                                                               Por António Vieira Pacheco

A nova rainha do ténis português é a mais nova das irmãs Jorge.
Créditos: FPT. Esta senhora é a nova rainha portuguesa do ténis.
 

Entre irmãs, nasce a nova rainha do ténis português

Guimarães, berço da nação, viu este sábado nascer uma nova liderança no ténis feminino nacional. Matilde Jorge, de somente 21 anos, conquistou não só o acesso à final do Guimarães Ladies Open, mas também — e sobretudo — o estatuto de número um de Portugal pela primeira vez na carreira.

Uma semana após vencer a sua irmã em Montemor-o-Novo, Matilde voltou a deixar clara a sua afirmação: já não é somente a irmã mais nova — é agora a melhor tenista portuguesa do ‘ranking’ mundial. Na meia-final deste sábado, derrotou a russa Polina Iatcenko (353.ª WTA) por 6-3 e 6-2, com uma exibição serena, madura e sem hesitações.

Foi a nona vitória consecutiva de Matilde em provas internacionais. Um número que diz muito mais do que estatísticas: revela consistência, ambição e uma vontade quase biográfica de superar quem sempre esteve à sua frente — inclusive em casa.

O trono muda de mãos no lugar onde tudo começou

Francisca Jorge, campeã em Guimarães em 2024 (então torneio ITF W75), também venceu a sua meia-final frente a Clervie Ngounoue, mas mesmo a revalidação do título implicaria perda de pontos devido à descida de categoria para ITF W50. Isso abriu caminho a Matilde, que só dependia de si para ultrapassar a irmã na hierarquia.

Ao conquistar um lugar na final, Matilde Jorge assegurou a mudança de era. A mais nova das irmãs Jorge será a nova rainha de Portugal na atualização do ‘ranking’ desta segunda-feira. E fá-lo na cidade que as viu crescer, com a raqueta na mão e sonhos nos olhos.

De sombra a sol: a ascensão de Matilde Jorge

Durante anos, Matilde foi apelidada de “outra Jorge”, a que seguia, a que perdia finais para a irmã, a que jogava nos pares ao lado da mais experiente. Mas essa narrativa mudou. Com o título de Montemor-o-Novo e a final agora garantida em Guimarães, Matilde deixou de ser sombra e tornou-se sol. Cresceu na adversidade, superou a hierarquia emocional e conquistou o ‘ranking’ com o mesmo talento com que sempre jogou.

Esta final, a segunda consecutiva entre irmãs, será também um símbolo: uma passagem de testemunho feita sem mágoa, mas com respeito, entre duas jogadoras que representam o melhor do ténis português.

Duas irmãs, um país a aplaudir

No domingo, Guimarães assistirá a mais do que uma final. Assistirá há um momento histórico. Seja qual for o resultado, o topo do ténis nacional já tem novo nome: Matilde Jorge. E não poderia haver cenário mais simbólico para essa coroação do que o lugar onde ambas nasceram, viveram… e sonharam.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

João Paulo Brito: as vitórias sem árbitros oficiais no ténis de mesa

Gilberto Garrido é um farol da Madeira

José Santos, o árbitro mais antigo do ténis de mesa