Matilde Jorge brilha no Alentejo e conquista o maior título da carreira
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: FPT. Rivais no campo de ténis, mas, acima de tudo, irmãs e amigas fora deles. |
Final de sangue e sol
No calor abrasador de
Montemor-o-Novo, Matilde Jorge escreveu, este domingo, a página mais dourada da
sua carreira. Com um ténis lúcido, consistente e quase imune à emoção, derrotou
a irmã mais velha, Francisca Jorge, por 6-1 e 6-3, e conquistou o Montemor
Ladies Open, torneio internacional de categoria ITF W50, o mais
prestigiado alguma vez vencido pela jovem de 21 anos.
Foi o sétimo duelo internacional
entre irmãs, mas o primeiro com um título em jogo. E, desta vez, Matilde
não hesitou: manteve a serenidade, serviu com precisão (ganhou 79% dos pontos
com o primeiro serviço) e não cometeu nenhuma dupla falta durante
os 81 minutos da partida — um sinal claro de maturidade e foco competitivo.
Uma irmã na rede, outra na ascensão
Francisca Jorge, 25 anos e atual
número um nacional, entrou na final como favorita — não só pelo ‘ranking’, mas
pela experiência e por liderar o histórico entre ambas. No entanto, encontrou
do outro lado da rede uma Matilde decidida, leve no gesto, firme no plano, e
imune ao peso da ligação familiar.
Sob cerca de 30 graus de temperatura,
a mais nova das irmãs, Jorge mostrou ser a que melhor resistiu à pressão e ao
calor. Com uma exibição sóbria e sem oscilações, conquistou o segundo título
internacional da carreira, nove meses após a estreia no ITF W35 de Leiria.
O ‘ranking’ abre-se como horizonte
Este triunfo tem impacto imediato na
classificação mundial: Matilde Jorge deverá subir para a 264.ª ou 265.ª
posição WTA, um novo máximo pessoal. Mais do que um número, representa o
reflexo do trabalho contínuo e da ambição que marca o seu percurso.
Já Francisca Jorge, apesar do
desaire, regressará ao top 240 (será 238.ª) e prepara-se agora para defender o
título em casa, no ITF W75 de Guimarães, onde poderá escrever a sua própria
resposta neste romance familiar em capítulos.
Irmãs e rivais, mas sempre aliadas
Independentemente do resultado, a
final de Montemor-o-Novo foi uma celebração rara: duas irmãs, formadas lado a
lado nos mesmos campos e rotinas, a discutir entre si o troféu mais importante
alguma vez erguido por uma delas.
Um sinal de talento, de estrutura e de um ténis português que — em pano de
fundo — também sorri.
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