Frederico Silva regressa, mas falta-lhe o brilho em Poznan

                                                                        Por António Vieira Pacheco

O caldense regressou às competições três meses depois da lesão.
Créditos: FPT. Frederico Silva regressa com derrota ao circuito internacional.

O recomeço: mais do que um resultado

Depois de mais de três meses de ausência por lesão, o tenista português Frederico Silva voltou aos courts na Polónia. Apesar da entrega, a vitória ainda não sorriu.

Há regressos que não se medem somente pelo marcador. O de Frederico, esta terça-feira no Challenger de Poznan, foi um desses. Após mais de três meses afastado da competição devido a uma lesão, o jogador das Caldas da Rainha voltou a calçar as sapatilhas e empunhar a raquete num jogo oficial. Mas a aguardada cereja no topo do bolo ainda não chegou.

No embate da primeira ronda, o português de 30 anos, atual número 261 do ‘ranking’ ATP, cedeu frente ao norueguês Viktor Durasovic (236.º), pelos parciais de 6-1 e 6-4, numa exibição que deixou sinais positivos, mas também margem para evoluir.

Um primeiro ‘set’ ingrato

No primeiro parcial, Frederico sentiu as dificuldades naturais de quem regressa à alta rotação. O ritmo competitivo, muitas vezes invisível nos treinos, impôs-se cruamente: 6-1 para Durasovic, que aproveitou os erros do português e a falta de profundidade nos golpes.

O norueguês, mais solto e sem a pressão do regresso, capitalizou nas trocas de fundo do court e pressionou o serviço do português. Frederico, por sua vez, mostrava bons apontamentos técnicos, mas com pouco fio condutor.

O segundo ‘set’ trouxe mais vida ao jogo do português. Os pontos passaram a ser mais disputados, as trocas de bolas tornaram-se mais longas e o português mostrou sinais da sua conhecida combatividade. Contudo, foi no nono jogo que o equilíbrio se quebrou. Durasovic aproveitou os primeiros break points da segunda partida e fechou com convicção, impedindo a recuperação de Frederico.

O marcador final, 6-1, 6-4, não reflete na totalidade o esforço do guerreiro lusitano em reencontrar-se com o jogo. Mas no ténis, como na vida, há derrotas que também são progressos.

Um calendário para (re)construir

Com Poznan já atrás das costas, ele tem novo desafio no horizonte: o Challenger de Milão, onde espera afinar melhor o seu ritmo e, quem sabe, reencontrar o caminho das vitórias. Depois de Itália, seguirá para a Roménia, para competir no Challenger de Brasov, outro palco onde o português poderá ganhar confiança e pontos no ‘ranking’.

Regressar ao circuito Challenger é, para muitos jogadores, uma travessia entre a recuperação e a ambição. Para Frederico, é também um reencontro com o seu próprio corpo e com a exigência de um desporto que não perdoa longas pausas.

Muito mais que números

Frederico não é estranho às dificuldades. Ao longo da carreira, foi várias vezes travado por lesões, mas também conhecido pela sua resiliência. O ‘ranking’ pode dizer 261.º, mas quem conhece o ténis sabe que esse número não traduz o talento de um jogador que já foi top 170 e venceu alguns dos nomes mais promissores do circuito.

O que Frederico mostrou em Poznan foi o primeiro capítulo de mais uma tentativa de retorno. E, como tantas vezes no desporto, o verdadeiro jogo está muitas vezes na persistência de quem não desiste.

O regresso tem sempre outro valor

Ainda sem vitórias, mas com a coragem de quem regressa a uma arena onde nada é garantido, Frederico Silva começa a reconstruir-se. Em cada pancada, há uma nova tentativa. Em cada jogo, uma nova esperança. E é nesse silêncio entre os pontos — nesse espaço em que o ténis respira — que um atleta reencontra a sua forma e o seu futuro.

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