Francisco Cabral sobrevive a drama épico na relva alemã de Estugarda
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: FPT. Lucas Miedler e Francisco Cabral, salvadores de três match points. |
A relva é dos bravos
Francisco Cabral entrou esta
segunda-feira na época de relva com uma vitória memorável, ao lado do parceiro
austríaco Lucas Miedler, ao avançar para os quartos de final do ATP 250 de
Estugarda.
Num embate de altíssima tensão, a
dupla luso-austríaca salvou três match points consecutivos a 6-9 no match
tiebreak e acabou por vencer os também austríaco Alexander Erler e o alemão
Cristian Frantzen por 6-3, 4-6 e 11–9, após 1h22 de duelo feroz sobre o piso
verde.
A relva, que tem tanto de bela como
de traiçoeira, foi palco de um daqueles jogos que ficam gravados: não somente
pelo resultado, mas pelo modo como foi conquistado — com nervos de aço, coragem
na adversidade e uma mão firme no momento certo.
Um jogo, três vidas salvas
Tudo parecia perdido no supertiebreak
decisivo, quando Erler e Frantzen chegaram aos 9-6, a um ponto da vitória em
três ocasiões consecutivas. Mas foi aí que Cabral e Miedler mostraram fibra e
sangue-frio. Ganharam cinco pontos seguidos, viraram o destino ao contrário e
celebraram uma das vitórias mais emocionantes da temporada.
A primeira metade do encontro até
decorreu de forma mais serena: o par luso-austríaco controlou bem o primeiro
‘set’, por 6-3, mas viu o adversário equilibrar as contas com um 4-6 sólido no
segundo. A decisão, como tantas vezes nos pares e na relva, ficou entregue ao
match tiebreak — o “jogo no jogo”, onde cada erro se paga caro.
Relva: o terreno das surpresas
Estugarda, como tantos torneios de
relva, oferece uma paisagem peculiar: curta, veloz, exigente. Os pontos
vivem-se num sopro, os reflexos contam mais que o peso da experiência.
Francisco Cabral, mais habituado aos grandes palcos de terra batida, mostrou
uma adaptação notável a este novo contexto — e fê-lo com alma.
A comunhão com Miedler, com quem tem
desenvolvido uma parceria regular, revelou-se crucial nos momentos de maior
pressão. O entendimento entre os dois foi visível não só nas jogadas de rede,
mas na comunicação entre pontos e na confiança mútua quando tudo parecia
escapar.
Com este triunfo, Cabral e Miedler
estão nos quartos de final do torneio alemão, à espera de adversários que se
conhecerão brevemente. A moral está em alta — e a prova disso é esta estreia
suada, dramática, mas vitoriosa.
Um sinal de ambição
Esta vitória não é apenas um
resultado positivo: é um sinal claro de que Cabral está pronto
para competir, adaptar-se e vencer em todos os pisos. A relva, muitas vezes
vista como um território hostil aos portugueses, começa a ceder ao talento de
quem nela pisa com respeito — e com coragem.
A história do dia escreve-se assim:
com um duelo épico, três match points salvos e uma reviravolta que ficará na
memória. Cabral deu o primeiro passo. E foi um passo gigante.
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