Francisca vence, Matilde sobe: o trono muda de mãos em Guimarães
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: FPT. Francisca Jorge revalida título na Cidade Berço, mas a irmã assume trono lusitano. |
Duelo em família com sabor a desforra
Uma semana após ter perdido a final
de Montemor-o-Novo para a irmã mais nova, Francisca Jorge (238.ª WTA)
encontrou forças para inverter o desfecho. No ITF W50 de Guimarães, a
tenista de 25 anos revalidou o título conquistado há um ano, ao vencer Matilde
Jorge (264.ª WTA) por 5-7, 6-2 e 6-2, num duelo equilibrado e emotivo
que durou duas horas e meia.
Foi o oitavo confronto oficial entre
as irmãs naturais de Guimarães, e desta vez a vitória sorriu à mais experiente.
No entanto, o resultado carrega uma ironia: apesar do triunfo, Francisca
perderá o estatuto de número um nacional, posição que ocupava há quase sete
anos ininterruptos.
Um título… e uma passagem de testemunho
Com esta vitória, Kika conquista
o sétimo título individual da carreira e o primeiro em 12 meses.
Contudo, devido à descida de categoria do torneio (de ITF W75 em 2023 para ITF
W50 em 2024), a perda de pontos no ‘ranking’ tornou-se inevitável.
Ao alcançar a final, Matilde Jorge
garantiu matematicamente que ultrapassará a irmã no ‘ranking’ WTA. Será a primeira
vez na carreira que vimaranense, de somente 21 anos, assume a liderança
nacional — um feito que simboliza uma nova era no ténis feminino português,
ainda que em ambiente familiar.
Matilde em ascensão
Apesar da derrota, Matilde tem
razões para sorrir. Esta foi a sua quinta final internacional e a
segunda consecutiva, um sinal claro da sua consistência e evolução. Antes de
Guimarães, somava nove vitórias seguidas, o melhor registo da carreira até
agora.
A mais nova das irmãs, Jorge tem dado
provas de maturidade competitiva e ambição, afirmando-se como uma das
principais esperanças do ténis português. A conquista simbólica da liderança
nacional pode marcar o início de um novo ciclo — mas tudo indica que os duelos
entre as irmãs estão longe de terminar.
O ténis português em mãos familiares
A rivalidade saudável entre Francisca
e Matilde é uma bênção rara para o desporto português: duas irmãs no
topo do ‘ranking’ nacional, a alternarem títulos e finais, elevando o nível
competitivo e inspirando novas gerações. A final de Guimarães foi mais do que
um jogo — foi um capítulo de uma história em construção, feita de
talento, dedicação e, acima de tudo, paixão pelo ténis.
No court, só uma pode vencer. Mas no
panorama do ténis português, as duas vencem — juntas, lado a lado, mesmo
quando se enfrentam de raqueta na mão e coração no jogo.
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