A primeira fissura na Direção da FPTM: um cargo que não durou sete luas

 P                                                                    Por António Vieira Pacheco

CrCréditos: Direitos Reservados. Quase sete luas passaram, e com elas um ciclo acabou antes de se firmar. 
 

Reflexões sobre a curta travessia

do vice-presidente administrativo da FPTM

No xadrez institucional do desporto, cada peça tem o seu lugar — e cada movimento, por mais discreto, tem um impacto que se faz sentir. Foi, por isso, com natural surpresa que, passados um pouco mais de seis meses da tomada de posse, se confirmou a saída do Vice-Presidente Administrativo da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa (FPTM).

Não houve comunicados extensos, nem curtos. Nenhuma explicação pública ou palavra formal que desse corpo ao gesto. A saída foi discreta, quase silenciosa, mas o silêncio também fala — e por vezes diz mais do que mil justificações.

Um ciclo breve demais para ser só acaso

Quase sete meses. O tempo de uma lua cheia a repetir-se meia dúzia de vezes sem chegar à sétima. Um ciclo breve para quem assume funções de responsabilidade num universo federativo. Ainda se escutava o eco da entrada e já se vivia o vazio da ausência.

Numa estrutura que exige estabilidade e planeamento a médio prazo, uma saída prematura — ainda antes de aquecer a cadeira — levanta naturalmente perguntas. Não se trata de especular, mas de refletir: o que leva alguém a aceitar uma missão… e tão cedo a abandonar?

A arte de sair sem se saber o motivo

No ténis de mesa, como na vida, nem sempre é o que se joga à frente de todos que define o desfecho — é o que se passa nos bastidores. O que não se observa. O que não se ouve.

Esta saída — legítima e certamente pessoal — deixou uma névoa no ar. Não há insinuações. Nem há acusações. Mas num tempo que solicita transparência, é legítimo perguntar: o que mudou para que se partisse tão cedo?

Reflexos de um desporto que procura direção

Administrar uma federação é como orientar uma equipa: exige visão, compromisso e continuidade. Quando surgem baixas inesperadas, é natural repensar equilíbrios, lideranças e solidez.

A demissão, mesmo sem alarme público, reforça uma perceção que começa a enraizar-se: o ténis de mesa português vive um momento em que, mais do que talento, precisa de um rumo claro. E de estabilidade.

Uma cadeira vazia, uma pergunta suspensa no arame

Na prática, a estrutura reorganiza-se. Os cargos seguem, mas a ausência persiste — não apenas do rosto, mas do sentido.

Porque no desporto, como na política, há símbolos que falam alto. E existem saídas que, mesmo silenciosas, mudam mais do que aparentam.

Até à data de publicação deste artigo, a Federação Portuguesa de Ténis de Mesa não divulgou qualquer nota oficial sobre esta saída.

 

 

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