Jaime Faria estreia-se com vitória nos Masters 1000 de Roma
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Créditos: Fotojump. Jaime Faria regressou às vitórias, após quase três meses com exibição de raça. |
Jaime Faria teve uma estreia vitoriosa no qualifying dos Masters 1000 de Roma, impondo-se no histórico Foro Itálico. O jovem português continua a somar experiências no circuito ATP, agora em solo italiano, após a sua campanha no Estoril.
No calor incandescente da terra batida romana, o Canhão do Jamor escreveu o primeiro capítulo de uma epopeia que pode atravessar gerações. Foi mais do que uma estreia — foi um ato de fé, um grito de resistência, uma dança entre o nervo e o sonho.
Aos 21 anos, o jovem português, atual 108.º mundial, fez da sua primeira presença num dos
Masters 1000 um palco de superação e coragem. Um daqueles momentos que não se
apagam da memória — e que, com o tempo, podem ganhar lugar nos livros dourados
do ténis nacional.
Um espelho da alma em cada pancada
Era a sua estreia entre gigantes, mas não se deixou toldar pelo peso do cenário. Faria, atual número 108 do mundo, enfrentou Jerome Kym (127.º) num combate que durou quase duas horas e meia e teve tanto de físico como de poético.
Caiu o primeiro ‘set’ por 4-6, venceu os
seguintes por 7-6 (5) e 6-4 — e no meio, ficou a história de um jogo onde cada
ponto foi uma pequena batalha.
Perdeu cinco jogos seguidos após
liderar por 4-1 no primeiro ‘set’. Um golpe que abateria muitos, mas não um
homem com fome de palco e sede de provar o seu lugar. No segundo parcial,
voltou a tropeçar: de 4-2 para 4-5, com Kym a servir para fechar. E foi aí, no
fio da navalha, que surgiu o milagre — um tiebreak perdido por 1-5 que virou
7-5 com seis pontos de pura alma. Uma explosão de vontade.
A decisão com alma de campeão
Com o duelo empatado e os nervos à flor da pele, tudo se decidiu no terceiro ato. O Canhão do Jamor salvou um break point logo à entrada e cravou o golpe decisivo no sétimo jogo, como quem planta bandeira em território inimigo.
Ainda desperdiçou cinco match points no serviço de Kym,
a 5-3, mas manteve a lucidez quando a hora chegou. Venceu. Lavou a alma. E
deixou uma lição escrita no pó de Roma: a perseverança tem o rosto de quem não
desiste.
Foi o seu primeiro triunfo desde
fevereiro. Pelo meio, uma lesão afastou-o dos campos de ténis até ao Estoril Open, onde
caiu à primeira. Em casa, caiu. Em Roma, ergueu-se.
À porta do quadro principal
Agora, falta somente um passo para
entrar no quadro principal dos Masters 1000 de Roma e juntar-se a Nuno Borges.
O último obstáculo chama-se Carlos Taberner (139.º), espanhol que venceu Adrian
Mannarino (126.º) com parciais raros e quase irreais: 6-1, 0-6, 6-0. Um
adversário imprevisível, numa batalha que se adivinha tensa, aberta, vibrante.
Independentemente do desfecho,
o Canhão do Jamor já deixou marca em solo transalpino. Mostrou
que tem fibra para os grandes palcos e o ténis português, passo a passo,
pancada a pancada, continua a escrever, com suor e alma, páginas de orgulho no
mapa desportivo mundial.
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