Jaime Faria estreia-se com vitória nos Masters 1000 de Roma

                                                            Por António Vieira Pacheco
Jaime Faria em ação no torneio de Roma.
Créditos: Fotojump. Jaime Faria regressou às vitórias, após quase três meses com exibição de raça.

Jaime Faria teve uma estreia vitoriosa no qualifying dos Masters 1000 de Roma, impondo-se no histórico Foro Itálico. O jovem português continua a somar experiências no circuito ATP, agora em solo italiano, após a sua campanha no Estoril.

No calor incandescente da terra batida romana, o Canhão do Jamor escreveu o primeiro capítulo de uma epopeia que pode atravessar gerações. Foi mais do que uma estreia — foi um ato de fé, um grito de resistência, uma dança entre o nervo e o sonho. 

Aos 21 anos, o jovem português, atual 108.º mundial, fez da sua primeira presença num dos Masters 1000 um palco de superação e coragem. Um daqueles momentos que não se apagam da memória — e que, com o tempo, podem ganhar lugar nos livros dourados do ténis nacional.

Um espelho da alma em cada pancada

Era a sua estreia entre gigantes, mas não se deixou toldar pelo peso do cenário. Faria, atual número 108 do mundo, enfrentou Jerome Kym (127.º) num combate que durou quase duas horas e meia e teve tanto de físico como de poético.

 Caiu o primeiro ‘set’ por 4-6, venceu os seguintes por 7-6 (5) e 6-4 — e no meio, ficou a história de um jogo onde cada ponto foi uma pequena batalha.

Perdeu cinco jogos seguidos após liderar por 4-1 no primeiro ‘set’. Um golpe que abateria muitos, mas não um homem com fome de palco e sede de provar o seu lugar. No segundo parcial, voltou a tropeçar: de 4-2 para 4-5, com Kym a servir para fechar. E foi aí, no fio da navalha, que surgiu o milagre — um tiebreak perdido por 1-5 que virou 7-5 com seis pontos de pura alma. Uma explosão de vontade.

A decisão com alma de campeão

Com o duelo empatado e os nervos à flor da pele, tudo se decidiu no terceiro ato. O Canhão do Jamor salvou um break point logo à entrada e cravou o golpe decisivo no sétimo jogo, como quem planta bandeira em território inimigo. 

Ainda desperdiçou cinco match points no serviço de Kym, a 5-3, mas manteve a lucidez quando a hora chegou. Venceu. Lavou a alma. E deixou uma lição escrita no pó de Roma: a perseverança tem o rosto de quem não desiste.

Foi o seu primeiro triunfo desde fevereiro. Pelo meio, uma lesão afastou-o dos campos de ténis até ao Estoril Open, onde caiu à primeira. Em casa, caiu. Em Roma, ergueu-se.

À porta do quadro principal

Agora, falta somente um passo para entrar no quadro principal dos Masters 1000 de Roma e juntar-se a Nuno Borges. O último obstáculo chama-se Carlos Taberner (139.º), espanhol que venceu Adrian Mannarino (126.º) com parciais raros e quase irreais: 6-1, 0-6, 6-0. Um adversário imprevisível, numa batalha que se adivinha tensa, aberta, vibrante.

Independentemente do desfecho, o Canhão do Jamor já deixou marca em solo transalpino. Mostrou que tem fibra para os grandes palcos e o ténis português, passo a passo, pancada a pancada, continua a escrever, com suor e alma, páginas de orgulho no mapa desportivo mundial.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Gilberto Garrido é um farol da Madeira

José Santos, o árbitro mais antigo do ténis de mesa

FPT continua em festa