Gastão Elias: entre a frustração e a fé no seu melhor ténis

                                                           Por António Vieira Pacheco

Mágico analisa o seu desempenho em Oeiras.
Créditos: FPT. Elias acredita que está a jogar o seu melhor ténis dos últimos anos

Entre o déjà vu e a vontade de acreditar

Gastão Elias voltou a sair do court com um nó na garganta e palavras a ferver-lhe nos lábios. No Oeiras Open 5, foi derrotado por Cristian Garín nos quartos de final, mas não saiu em silêncio. O embate, recheado de oportunidades perdidas, trouxe-lhe à memória o desaire recente no Estoril frente a outro chileno — como se o destino lhe quisesse repetir a lição.

“No primeiro ‘set’ tive o triplo de oportunidades, mas não consegui aproveitar nenhum break point. Sentia-me por cima do encontro e sempre em vantagem nos pontos (…), mas perdi esse ‘set’ sem saber bem como”, lamentou o português, ainda a digerir o desfecho.

Com honestidade crua, Elias partilhou como viu o encontro escapar-lhe entre os dedos, apesar de se sentir superior. Perdeu por 7-6 e 6-4, num duelo onde sentiu que o resultado “justo” teria sido outro. “É estranho dizer isto, mas é verdade.”

Sinais de renascimento no meio da incerteza

Mesmo entre a frustração, o tenista da Lourinhã encontrou margem para a esperança — e não hesitou em deixá-la crescer em voz alta:

“Não há dúvida nenhuma de que jogo o meu melhor ténis dos últimos tempos, dos últimos anos.”

É uma frase carregada de significado. Um eco da célebre afirmação de 2022 que antecedeu um dos momentos mais marcantes da sua carreira.

“Sinto-me bastante bem e confiante. Mesmo nos encontros que perdi senti-me superior (…). Mas não posso viver de quase vitórias. Tenho de cruzar a meta”, afirmou, num balanço entre lucidez e ambição.

A confiança que transporta vem, em parte, das melhorias no seu equipamento: uma nova combinação de raqueta e cordas devolveu-lhe potência e controlo. No Jamor, onde conquistou os seus três últimos títulos, Elias voltou a sentir-se em casa — mesmo que a despedida tenha sido amarga.

Próximos passos: com os olhos em Wimbledon

Aos 34 anos, e apesar de liderar o ténis português em títulos (10) e finais (23) no ATP Challenger Tour, Elias encara o futuro imediato com humildade estratégica:

“Estou com um ‘ranking’ em que se calhar ainda preciso de jogar um ITF ou outro e que me corram bem. Obviamente prefiro jogar Challenger, mas também me convém ser, pelo menos, cabeça de série no qualifying.”

Os próximos desafios serão já em Mataró (ITF M25) e depois em Vicenza (Challenger 75), duas etapas cruciais para somar pontos e tentar garantir um lugar no qualifying de Wimbledon — um palco onde já brilhou e ao qual ambiciona regressar.

“A questão dos torneios do Grand Slam já podia estar resolvida com um ou dois pontinhos aqui e ali, mas não posso andar com esse discurso. Coisas boas estão para acontecer.”

Final em aberto, com nota de fé

Gastão Elias parte do Jamor com mais perguntas do que certezas, mas também com uma convicção firme: o ténis que tem dentro de si continua vivo — talvez mais vivo do que nunca. E é com esse ténis, essa chama interior, que vai à luta nas semanas decisivas seguintes.

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