Borges faz história em Roland Garros
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: Millennium Estoril Open. A melhor vitória da carreira de Nuno Borges. |
Nuno Borges: um nome gravado na história do ténis português
Absolutamente para mais tarde recordar! É o mínimo que se pode afirmar do feito de Nuno Borges.
O Lidador acaba de escrever uma das páginas mais luminosas do ténis
português. No mítico Court Suzanne Lenglen, em Paris, o maiato de 28 anos
derrotou Casper Ruud, número sete do mundo e finalista de Roland Garros em duas
das últimas três edições, com os parciais de 2-6, 6-4, 6-1 e 6-0.
A vitória, além de histórica, é uma
afirmação corajosa de talento e resiliência.
Após perder o primeiro ‘set’ claramente e enfrentar um break point logo no
segundo jogo do ‘set’ seguinte, Borges reagiu como um gigante silencioso: fez
break no quinto jogo, resistiu a dois break points e selou o segundo parcial
com nervos de aço. A partir daí, a tempestade vestiu-se de verde e vermelho.
O primeiro entre os homens portugueses
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Créditos: Direitos Reservados. |
E ao bater um top 10 num torneio do Grand Slam, inscreve-se num muito
restrito: só Michelle Larcher de Brito o havia conseguido, ao vencer Maria
Sharapova em Wimbledon 2013.
Vencer com elegância e fúria serena
Borges soube aproveitar os problemas
físicos de Ruud a partir do terceiro ‘set’, mas não foi o acaso que ditou o
desfecho: o português somou 51 winners e somente 21 erros não forçados,
dominando técnica e mentalmente. Ruud, com dificuldades em movimentar-se,
tornou-se refém do próprio corpo, enquanto Borges parecia elevar-se a cada
pancada.
A vitória é tanto de cabeça como de raqueta. É de sangue-frio e coragem, de um jogador que se transformou num símbolo de esperança e futuro para o ténis português.
A caminho de novos sonhos
O número 41 mundial sonha agora com
mais. O próximo desafio é frente ao australiano Alexei Popyrin (25.º do
‘ranking’ ATP), que bateu Alejandro Tabilo em três ‘sets’.
Borges já sabe o que são os oitavos
de final de um Grand Slam — alcançou-os no Australian Open e no US Open. Em
ambos, caiu perante nomes maiores: Medvedev em Melbourne, Alcaraz em Nova
Iorque.
Agora, em Paris, o cenário renova-se.
A confiança cresce. E Portugal assiste.
Uma nova era no ténis nacional?
Mais do que um jogo, o que Borges
conseguiu foi um gesto fundador. Como se, com esta vitória, tivesse rasgado o
véu de limitações que tantas vezes travou o ténis nacional. Deixou claro que o
impossível não tem pátria — e que a elite pode ser desafiada com talento,
trabalho e coração.
Neste dia, em Roland Garros, o ténis
português mudou de escala.
Portugal celebra hoje não só um
atleta, mas uma inspiração — um farol para todas as gerações que ambicionam
levar o nome do país além-fronteiras, mais alto, mais longe. Há 115 anos
nascera outro campeão do ténis, José Roquette.
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