José Roquette: o campeão esquecido do ténis português
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Créditos: Direitos Reservados. Há 115 anos nascera uma lenda do ténis português. |
Uma vida que começou com o peso da
linhagem
Hoje, 28 de maio, o tempo dobra-se para recordar uma figura que brilhou entre as sombras do esquecimento.
Nascia
em 1910, em Lisboa, José Roquette — um imensurável campeão do ténis português, homem de
carácter nobre e espírito elevado. Filho do Visconde de Alvalade, fundador do
Sporting Clube de Portugal, e sobrinho de António Casanovas, que o iniciou na
raqueta no court da Avenida da Liberdade, aos 16 anos, em Lisboa.
Do court lisboeta ao coração do Porto
Aos 24, a vida levou-o para a Cidade Invicta,
onde se fez corretor da Bolsa e onde se enraizou também como desportista.
Primeiro representou o Futebol Clube do Porto, depois pelo Lawn Tennis Clube da Foz,
onde gravou o seu nome na história do ténis com 14 títulos nacionais em
singulares (1934–1953) e 13 em pares, ao lado do primo Eduardo Ricciardi.
Muito mais do que vitórias
José Roquette deixou os campos de
ténis aos 48 anos. Não por falta de vigor, mas talvez porque a grandeza também
sabe quando se deve retirar. Descreveram-no como “fisicamente forte, espírito
franco e de carácter nobre”. E assim foi. O seu amor pela modalidade não
terminou com o último serviço — propagou-se em grande esforço pela dignificação
do ténis nacional.
O reconhecimento — mesmo que tardio
O reconhecimento tardou, mas chegou:
em 1986, recebeu a Medalha de Mérito Desportivo e, dois anos depois, a Medalha
de Bons Serviços da Federação Internacional de Ténis.
“Nica”, como era chamado pelos mais
próximos, certa vez proferiu:
“Os triunfos trazem alegria, mas a vitória do dever cumprido é bem mais agradável de saborear.”
Palavras que ecoam como um cântico interior de quem sabia que o verdadeiro
triunfo mora no espírito.
O esquecimento, esse adversário invisível
Em 2003, a 12 de dezembro, partiu. E
com ele, parece ter-se esfumado parte da memória coletiva do ténis nacional.
Hoje, pela Foz do Douro, no Porto, ao
passear pelos locais onde pisou, o Entrar no Mundo das Modalidades questionasse: quando
foi a última vez que uma Figura de proa do ténis foi homenageada?
Quantos conhecem ainda o nome de José Roquette? O silêncio, esse adversário silencioso, parece levar vantagem.
Que a memória volte ao jogo
Neste dia de lembrança, que as novas
gerações reencontrem nos passos de Roquette não somente o atleta, mas o
exemplo. O homem que venceu em campo e, sobretudo, fora dele.
Porque há nomes que não devem ser
enterrados sob a poeira do tempo, mas celebrados com a luz da gratidão.
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