Nuno Borges desliza na terra batida de Roland Garros

                                                                                                    Por António Vieira Pacheco
Créditos: ATP Tour. O adeus do Lidador na prova de singulares de Roland Garros.

 Borges despede-se com honra em Paris

Em Roland Garros, palco lendário do ténis em terra batida, Nuno Borges escreveu páginas de história inédita para o ténis português. Tornou-se o primeiro homem luso a recuperar de dois ‘sets’ de desvantagem num Grand Slam, a bater um top 10 neste palco e a alcançar a terceira ronda no torneio parisiense.

Na sexta-feira mais quente da semana, com termómetros a tocarem os 30 graus, Borges cedeu frente ao australiano Alexei Popyrin, número 25 do mundo, pelos parciais de 6-4, 7-6(11) e 7-6(5), encerrando assim a sua caminhada nos singulares.

A estreia no desconhecido

Era território nunca pisado por um tenista português — pelo menos entre os homens. Michelle Larcher de Brito, em 2009, havia sido a única a alcançar este patamar. Mas Borges quis mais. Começou em desvantagem, hesitante, talvez a adaptar-se ao peso do feito. A bola fugia-lhe, a resposta não surgia.

Porém, à medida que o sol apertava, o seu ténis também se aquecia. Elevou o nível na segunda partida e lutou com bravura: anulou cinco ‘set’ points e empurrou o duelo para um tiebreak épico. Uma dupla falta no 10–10 manchou o que podia ter sido o momento de viragem.

Popyrin, potência e precisão

Do outro lado da rede, Popyrin impôs a sua lei com um serviço destruidor (13 ases, sempre acima dos 210 km/h) e uma direita letal, potenciada pelo calor abrasador. No terceiro ‘set’, voltou a prevalecer no momento-chave: três ases consecutivos afastaram o único break point do maiato, selando o encontro em três horas de grande intensidade.

A epopeia do Lidador nos singulares chega ao fim, mas o seu torneio ainda não terminou. No sábado, regressa ao court ao lado do francês Arthur Rinderknech para tentar o apuramento para os oitavos de final de pares.

Henrique Rocha, estreante em Grand Slams, segue firme em Paris. Após sair do qualifying e de também recuperar de dois ‘sets’ abaixo, o jovem português inscreveu o nome na terceira ronda, tornando este Roland Garros no primeiro Slam com dois lusos nesta fase.

Com apenas 21 anos, Rocha carrega agora a esperança nacional. E pode, já neste fim de semana, tornar-se no primeiro português de sempre a alcançar os oitavos de final de singulares em Roland Garros.

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Gilberto Garrido é um farol da Madeira

José Santos, o árbitro mais antigo do ténis de mesa

FPT continua em festa