Francisco Rocha:“Em primeiro lugar, julgo que fui humano”
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: Millennium Estoril Open. Portuense afirmou |
Francisco Rocha falhou esta tarde o acesso ao quadro
principal do Millennium Estoril Open, ao perder na segunda ronda do
qualifying frente ao russo Alexey Vatutin por 6-4, 3-6 e 0-6. Apesar da
desilusão, o tenista português optou por um discurso sincero e reflexivo, num
momento que mistura emoções, nostalgia e um olhar esperançoso para o futuro.
Voltar a sentir o calor do público
“Estou muito contente por jogar outra vez com público, e que esteja tudo bem no país”, afirmou Francisco, sublinhando o ambiente especial vivido no Clube de Ténis do Estoril. A presença de público, ausente em edições anteriores devido à pandemia, trouxe-lhe emoções fortes e um sentimento de gratidão:
“É um dia diferente, as condições estão mais lentas, tempo nublado. Emocionalmente não é fácil, acabei o jogo ontem às 20 horas, mas estava a 100% para ganhar hoje.”
O esforço não foi recompensado com a vitória, mas Rocha não esconde o lado positivo da experiência.
“Infelizmente não consegui, mas acho que tenho que olhar para o lado positivo e ser justo comigo próprio, perceber que fiz um torneio positivo e aprender com os erros.”
Um olhar honesto sobre o jogo
O jovem português não se escondeu na
hora de analisar o desaire.
“Em primeiro lugar, julgo que fui humano. Pensar que ia conseguir entrar no quadro principal do Estoril Open… há muitos anos que vejo este torneio, já tive do lado do público.”
A proximidade emocional com o torneio
parece ter pesado.
“Comecei a pensar um bocado nisso
em vez de pensar no meu jogo em si, e quando assim é, normalmente os
adversários a este nível não dão hipóteses”, reconheceu, destacando o nível
competitivo de Vatutin. “Depois foi difícil voltar a acompanhar o comboio,
ele estava muito ritmado e mérito dele, jogou muito bem no terceiro set.”
A esperança renasce nos pares
Apesar da eliminação em singulares,
Rocha não se despede ainda do Estoril. Vai disputar a variante de pares ao lado
do irmão, o que promete ser um momento marcante na sua carreira.
“Vai ser um momento especial, nós
conhecemos o Francisco Cabral há muitos anos. Penso que será um encontro interessante”, proferiu, referindo-se à dupla adversária.
Apesar do favoritismo dos oponentes,
Rocha prefere concentrar-se no privilégio da experiência:
“Eles já deram mais provas no circuito de pares, mas jogar ao lado do meu irmão é sempre uma experiência incrível, ainda mais no Estoril Open. Estou muito entusiasmado e vou-me preparar para esse jogo.”
Derrota com sabor agridoce
A derrota de Francisco é, ao
mesmo tempo, um episódio de aprendizagem e um reflexo da maturidade competitiva
que começa a construir. Não há lamentos, apenas consciência de que o percurso é
feito de altos e baixos, e que cada momento em court contribui para o
crescimento.
No final, Francisco mostrou que, mais
do que um atleta, é um homem em construção, capaz de reconhecer os próprios
erros, valorizar o percurso e manter vivo o sonho. No desporto, como na vida,
por vezes perde-se no resultado, mas ganha-se na coragem com que se enfrenta a
realidade.
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