Diogo Glória sublinha: “Sentimos, com tão pouco, que já conseguimos muito”
🖋️Por: António Vieira Pacheco
📸 Créditos: Federação Portuguesa de Badminton
⏱️ Tempo de leitura: 4 minutos
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| Diogo Glória e colega preparam estratégia para o próximo ponto. |
Seleção de Badminton deixou boa imagem
A seleção masculina de badminton concluiu recentemente a fase de qualificação frente à Suécia com uma exibição que, apesar do resultado (1-4), deixou sinais extremamente positivos para o futuro.
No confronto decisivo, prevaleceu o favoritismo
escandinavo — a Suécia confirmou o apuramento — mas a equipa portuguesa mostrou
maturidade, evolução e um espírito competitivo que começa a aproximar o país
dos patamares europeus mais consistentes. Para Diogo Glória, atleta de 23 anos, que representa o Che Lagoense, esta campanha foi mais um passo importante num
percurso que começa a ganhar forma.
Diogo analisou a prestação nacional
não somente na perspetiva dos resultados, mas sobretudo no impacto humano e
competitivo que marcou o grupo. Na sua visão, a união, a atitude e a capacidade
de ultrapassar limitações estruturais foram os elementos determinantes para
sair desta fase com a sensação de missão cumprida.
O jogador destaca com clareza que
alguns adversários têm melhores condições e maior profissionalização. Mesmo
assim, Portugal evolui. A equipa está cada vez mais preparada para competir de igual para igual.
União que fez a diferença
O ponto de partida para esta evolução esteve no estágio inicial da equipa. Para o atleta, foi ali que nasceu a verdadeira força que se viu em campo ao longo da qualificação.
“Desde o primeiro momento de estágio
que fomos muito unidos e todos em uníssono para jogar esta competição”, recorda, sublinhando que o
ambiente criado entre os atletas foi um fator decisivo.
A energia positiva e a sintonia no grupo foram, na sua opinião, responsáveis por elevar o rendimento coletivo:
“Sentimos que isso foi bastante importante e, aliado ao nosso valor enquanto atletas. Conseguimos dar por vencida a Eslovénia e equilibrar muito as partidas com a Suécia.”
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| A Seleção Nacional que lutou pelo apuramento para a fase final do Campeonato da Europa. |
A vitória frente à Eslovénia foi um
marco fundamental nesta caminhada, simbolizando não somente superioridade
técnica, mas também maturidade tática e emocional. Já diante da Suécia, uma das
seleções tradicionais do badminton europeu, a equipa portuguesa conseguiu
mostrar competitividade e determinação, ficando mais perto do que é habitual no
marcador e nas trocas de jogo. Esse equilíbrio espelhou a evolução dos atletas
nacionais, que começam a encurtar distâncias perante adversários historicamente
mais fortes.
O atleta natural de Peniche destaca com clareza a diferença estrutural entre as duas realidades:
“A verdade é que os jogadores da Suécia são todos profissionais e treinam diariamente juntos e isso não é de todo a nossa realidade.”
O badminton português ainda vive
uma realidade amadora, onde a maioria dos atletas concilia estudos ou
trabalho com treinos limitados. Ainda assim, o jovem português reforça uma
mensagem que se torna cada vez mais evidente:
“Sentimos que cada vez mais o nosso
nível é equiparado a estas seleções.”
Atitude
acima da forma individual
Do ponto de vista pessoal, Diogo
Glória não esconde que enfrentou algumas dificuldades durante a competição. O
rendimento, admite, não esteve exatamente no auge:
“Apesar de não me ter sentido na minha melhor forma, o contributo que dei para a equipa deixou-me contente com o meu desempenho.”
Para ele, o verdadeiro valor desta participação esteve no compromisso, na
entrega e na forma como se integrou no esforço coletivo.
O atleta sublinha que, em competições
de seleções, o fator emocional tem um peso determinante:
“Muitas vezes, estes jogos de equipas
não são decididos no nível de jogo, mas sim na atitude com que entramos em
campo.”
Em encontros deste género, o ambiente
é sempre muito intenso. Cada ponto tem repercussões imediatas. Por isso, a
mentalidade pode ser o elemento que define a balança.
Portugal mostrou precisamente isso:
agressividade, determinação e união, três características que se tornaram
marcas desta campanha.
Para Diogo, a resposta mental da
equipa foi um dos aspetos mais encorajadores. Apesar das dificuldades, a
seleção conseguiu manter sempre um espírito combativo e uma postura séria. Sem
nunca baixar os braços perante adversários mais experientes e habituados a
ritmos de treino profissionais. Essa mentalidade, acredita o jogador, é uma das
grandes conquistas deste grupo.
Portugal cresce, mas falta ainda condições
No balanço geral, o estudante de
Medicina da Universidade de Coimbra não esconde o orgulho. Para ele, a seleção
superou expectativas e mostrou todo o seu potencial.
“Penso que estamos todos de parabéns porque sentimos que com tão pouco já conseguimos muito”, afirma, num resumo que reflete a dimensão do esforço coletivo.
A equipa portuguesa jogou com alma. Igualmente, superou
limitações e mostrou que o talento nacional merece mais investimento e melhores
condições de trabalho.
A comparação com a equipa da Suécia deixa
evidente essa diferença. Os suecos beneficiam de estruturas profissionais,
treinos diários em conjunto e um sistema de apoio consolidado. Em Portugal, a
realidade é bastante distinta. Ainda assim, Diogo vê na recente prestação um
sinal claro do que pode acontecer com um investimento sólido:
“Não nos podemos equiparar a seleções
como a Suécia em termos de condições. Por isso, aquilo que fizemos em campo
demonstra que, caso haja uma evolução na estrutura do badminton português,
podemos fazer frente a qualquer equipa europeia.”
A fase de qualificação terminou com o
apuramento da Suécia, mas também com um sentimento de evolução palpável para
Portugal. A mensagem, que fica reforçada pelas suas palavras, é clara:
existe talento, há atitude e existe vontade. Falta unicamente que o país
acompanhe essa ambição. É preciso criar condições para que o badminton português cresça. Só assim a modalidade poderá afirmar-se definitivamente no panorama europeu.
Com união, trabalho e melhores
estruturas, a Seleção Nacional pode transformar estas boas sensações em
resultados históricos. E atletas como Diogo Glória mostram, dentro e fora de
campo, que o futuro da modalidade está pronto para crescer.
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