A arbitragem formativa no ténis de mesa: Quando corrigir é ensinar
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: FPTM. A festa da juventude do ténis de mesa decorreu no fim de semana em Gaia. |
Onde o erro ainda não dói
No Centro de Alto Rendimento de Gaia,
o Encontro de Sub-9 em ténis de mesa foi uma celebração do entusiasmo. Com a
energia natural da infância, os pequenos atletas procuraram aprender enquanto
competiam. Neste ambiente de iniciação, muitos estão ainda a descobrir os
gestos técnicos mais simples — do serviço ao controlo da raqueta.
A arbitragem que observa, mas hesita
Apesar da presença de árbitros
experientes, notou-se uma postura reservada perante irregularidades técnicas
evidentes. Serviços fora do regulamento, sem correção, talvez com a intenção de
não perturbar o fluxo do jogo ou o entusiasmo das crianças.
Este comportamento levanta, porém,
uma questão pedagógica essencial: qual deve ser o papel da arbitragem em
contextos de formação?
Formar implica intervir
Numa fase tão precoce da
aprendizagem, a arbitragem deve ser um pilar educativo. Corrigir com empatia,
explicar com paciência, orientar com clareza — são gestos que podem ter impacto
duradouro na forma como as regras são interiorizadas.
Seria mais adequado, em eventos com
este perfil, recorrer a árbitros em formação ou dinamizar uma abordagem mais
participativa, que torne a arbitragem num agente ativo de ensino.
Preparar hoje, para jogar amanhã
Evitar a correção imediata pode
parecer um gesto de proteção emocional. Mas não preparar os jovens para as
exigências futuras dos escalões competitivos pode comprometer a adaptação
posterior, quando o rigor for inevitável.
A ausência de intervenção pode ser
interpretada como uma desvalorização das regras — e essa perceção pode deixar
marcas.
Uma presença que deve educar
A arbitragem, mesmo em torneios
lúdicos ou de base, deve ir além da contagem de pontos. É um elo essencial na
transmissão dos valores da modalidade — rigor, respeito e clareza.
Se o objetivo é formar, então o
exemplo deve começar por quem tem a responsabilidade de aplicar (e ensinar) as
regras.
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