João Paulo Brito: as vitórias sem árbitros oficiais no ténis de mesa

                                                            Por António Vieira Pacheco

Nem na Sérvia a jogar ténis de mesa deixa de levar a camisola do seu clube de paixão.
Créditos: Facebook de João Paulo Brito. O português a tirar selfies, após as vitórias na Sérvia.

No Campeonato Europeu de Veteranos 2025, realizado em Novi Sad, Sérvia, o português João Paulo Brito destacou-se hoje com um desempenho brilhante e invicto na fase de grupos do escalão MS50, vencendo todos os seus três encontros por 3-0 e sem ceder um único ‘set’.

O feito impressiona, sobretudo num torneio em que esta fase se joga, curiosamente, sem a presença de árbitros oficiais.

Um adepto fervoroso com opinião sobre arbitragens

João Paulo Brito, além de atleta dedicado e competitivo no ténis de mesa, é conhecido por ser um adepto entusiasta de futebol do Sport Lisboa e Benfica. Nas redes sociais, é voz ativa e crítica frequente das decisões de arbitragem que, segundo ele, prejudicam o clube. A ironia de ter um percurso imaculado num torneio onde não há árbitros oficiais não passou despercebida entre os colegas e seguidores, que brincam com a situação.

Esta circunstância particular — a ausência de árbitros — é comum nos campeonatos da Europa de veteranos, sobretudo nas fases iniciais, onde prevalece um espírito de confiança mútua, fair play e autorregulação entre os atletas. Este modelo exige disciplina e responsabilidade acrescida dos participantes, que passam a ser os próprios árbitros do seu jogo.

Vencer pela técnica e pelo espírito desportivo

No Europeu de Veteranos, João Paulo Brito superou com clareza adversários experientes: Bernard Velte, da Bósnia-Herzegovina; Gerald Haase, da Alemanha; e Matteo Poppi, da Itália. Todos os encontros terminaram com vitória portuguesa por 3-0, mostrando um domínio consistente, concentração elevada e habilidade técnica refinada.

A ausência de arbitragem oficial não significa falta de rigor. Pelo contrário, exige uma conduta exemplar e respeito mútuo para o jogo decorrer justamente. Brito, com experiência e reconhecimento no ténis de mesa, mostrou ser um atleta íntegro, cumprindo as regras e respeitando o adversário — qualidades essenciais para o sucesso em qualquer modalidade.

Ironia saudável, respeito garantido

É natural que, num meio tão competitivo como o desporto, haja espaço para brincadeiras e provocações. A piada sobre João Paulo Brito vencer sem árbitros, justamente quando critica os árbitros no futebol, é uma brincadeira que ressalta uma verdade fundamental: num cenário sem apitos e decisões externas, a responsabilidade é exclusivamente do jogador.

Apesar do tom divertido, não há nenhuma indicação de que as vitórias tenham sido facilitadas pela ausência de árbitros. Pelo contrário, o resultado é uma celebração do mérito individual, do treino dedicado e da ética desportiva — pilares que sustentam qualquer vitória legítima.

O que decide, então, quando não há árbitros?

Quando não há árbitros, o jogo passa a ser uma conversa silenciosa entre a técnica e o respeito. Decide a precisão do serviço, a leitura do adversário, a capacidade de manter a calma sob pressão. Decide a honestidade no momento em que o marcador é atualizado por outro atleta presente — muitas vezes, um adversário do mesmo grupo que, nessa função rotativa, fica encarregado de acompanhar o jogo e anotar os pontos.

Essa forma de autorregulação reforça valores fundamentais no desporto: o fair play, a confiança e o espírito competitivo saudável. João Paulo Brito demonstrou que, mesmo sem árbitros, a justiça desportiva pode prevalecer. Ele jogou, venceu e mostrou que o mérito está no talento e no esforço, não nas decisões dos árbitros.

Uma metáfora para o desporto e para a vida

Esta história, mais do que uma mera estatística de resultados, é uma metáfora para muitas situações da vida onde, por vezes, não há alguém a controlar ou a arbitrar — e somos nós que temos de decidir o que é certo. No caso de João Paulo Brito, a vitória sem árbitros — com outro atleta do grupo a anotar os pontos — é um lembrete de que o verdadeiro juiz é o próprio indivíduo — dentro e fora das mesas.

No desporto, isso significa respeitar regras e adversários, mesmo quando ninguém está a olhar. No futebol, onde tantas vezes se atribui a culpa das derrotas aos árbitros, o caso de Brito sugere que o foco deve estar no treino, na dedicação e na atitude — porque, no final, é o desempenho pessoal que decide o resultado.

Português festeja passagem à fase seguinte na porta do pavilhão.
Créditos: Facebook de João Paulo Brito.






O Europeu de Veteranos: uma celebração do talento maduro

Os Campeonatos da Europa de Veteranos são uma oportunidade para atletas experientes continuarem a competir com paixão, técnica e fair play. É um espaço onde a idade não limita a vontade de ganhar, mas fortalece a sabedoria e a resiliência.

João Paulo Brito é exemplo disso, mostrando que a idade é um número e o espírito competitivo pode ser vivido com alegria, responsabilidade e respeito. O seu percurso nesta edição da prova mais importante do Velho Continente reforça o papel do desporto como ponte entre gerações e como escola de valores.

Arbitrar é só um detalhe

No fim, a ausência de árbitros nesta fase do torneio não é um problema, mas sim uma característica que enfatiza a essência do desporto: o esforço, o talento e a honra. João Paulo Brito conquistou o seu lugar nesta competição de forma clara e incontestável. As suas vitórias são um tributo à técnica e ao caráter, lembrando-nos que, muitas vezes, o que realmente decide não é o árbitro — é o jogador.

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