Nuno Borges: “Valorizei mais o esforço mental do que a vitória”

                                                                                                                Por António Vieira Pacheco

Lidador ficou surpreso com o ténis do adversário.
Créditos: ATP Tour. Nuno Borges explicou que ficou surpreso com o ténis do francês.

Triunfo além do marcador

No final de um encontro intenso e emocional, Nuno Borges não escondeu o alívio — e o orgulho. Para o tenista português, mais do que avançar no torneio, tratou-se de ultrapassar barreiras internas que muitas vezes não se veem da bancada.

“Estou muito contente não só por vencer, mas por mentalmente ter-me dado oportunidades de ir buscar um encontro destes. Isso às vezes vale mais do que a vitória em si”, confessou no final do jogo, com um sorriso sereno, mas cansado.

O encontro, longe de ser somente um desafio técnico, tornou-se também uma batalha psicológica. Borges reconheceu que foi obrigado a sair da sua zona de conforto para conseguir virar o rumo do jogo.

Um adversário fora do comum

O oponente apresentou um estilo de jogo inesperado, fugindo completamente dos padrões habituais do circuito. E isso apanhou Borges de surpresa.

“Ele surpreendeu-me em muitas jogadas. Não joga nos padrões normais e faz coisas que na minha cabeça não fazem sentido”, explicou, revelando admiração pela criatividade do adversário — e também o desconcerto que isso lhe causou.

Segundo Borges, essas jogadas imprevisíveis obrigaram-no a adaptar-se constantemente, numa dinâmica quase caótica, onde a experiência e o instinto foram mais importantes do que a tática.

Impulso vindo das bancadas

O adversário chegou confiante, embalado por vitórias no qualifying, e contou ainda com o apoio sonoro das bancadas. Uma combinação que o fez crescer no court.

“Esteve estado de graça, talvez embalado pelas vitórias no qualifying e pelo público”, reconheceu o Lidador, que nunca desvalorizou o mérito do opositor.

Mesmo em momentos de grande pressão, o português manteve a compostura, encontrando forma de virar a maré com inteligência e resistência.

Mais do que um jogo: uma descoberta

No final, o maiato saiu vencedor — mas o verdadeiro ganho foi outro. Num palco onde o físico e o mental colidem, o atleta redescobriu-se capaz de lutar não só contra o adversário, mas contra os próprios limites.

Naquele court secundário, mais do que raquetas e pontos, jogaram-se limites e crenças. O número um português venceu, sim — mas sobretudo descobriu-se.
Porque há vitórias que não se veem no marcador, mas brilham na alma de quem não desiste de si.



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