Primeira vitória de Francisco Rocha no Millennium Estoril Open com sabor especial

                                                              Por António Vieira Pacheco
Portuense conquista primeira vitória no Millennium Estoril Open.
Créditos: Millennium Estoril Open: Portuense ajoelha-se na terra batida após conseguir a vitória.

Francisco Rocha viveu, ontem, um daqueles dias que ficam gravados no coração de quem ama o desporto. Numa tarde de sol e ‘suspense’ no Clube de Ténis do Estoril, o jovem português assinou a sua primeira vitória no quadro de qualificação do Millennium Estoril Open, vencendo o cazaque Beibit Zhukayev, número 208 do ‘ranking’ ATP, num duelo intenso decidido em três ‘sets’.

A partida foi tudo menos convencional. Um encontro de nervos, resistência e pequenos milagres desportivos, onde o português, atualmente no 709.º lugar da hierarquia mundial, salvou vários match points e deu a volta a um destino que parecia já traçado. A vitória, suada e merecida, garante-lhe agora um lugar na segunda ronda do qualifying, onde enfrentará o russo Alexey Vatutin.

Francisco Rocha: “Estamos numa cúpula” — entre o sonho e o silêncio

No final do encontro, ainda com a adrenalina a correr-lhe nas veias, Francisco confessou o seu espanto e alegria:

“Sinto-me muito feliz, espero que esteja tudo bem pelo mundo fora, não sei nada do que se passa, de certa forma estamos aqui numa 'cúpula'. Mas estou muito feliz com a minha primeira vitória no Estoril Open, ainda por cima desta forma.”

A declaração, espontânea e quase poética, revela não só o isolamento competitivo dos jogadores em torneios como este, mas também a pureza com que Francisco encara a competição.

                Salvar match points: resistência e um toque de loucura

Sobre o momento decisivo, quando o jogo parecia escapar-lhe por entre os dedos, o português mostrou maturidade tática e ousadia técnica:

“Sabia que aguentava melhor que ele no fundo do campo, mas queria meter qualidade na minha bola, senão ele conseguia entrar no court. Queria ser sólido e encontrar o equilíbrio entre ser consistente e conseguir movê-lo.”

Foi então que surgiu o momento de pura inspiração, que poderá bem se tornar parte do folclore do torneio:

“O amortie foi um momento de loucura que correu bem, felizmente.”

O ténis tem destas coisas – onde a frieza se encontra com a intuição, e a técnica abraça o coração. Francisco Rocha não só venceu um encontro; conquistou um palco e anunciou-se ao público português com humildade, talento e emoção.
Seguem-se novos desafios, mas este momento, este ponto de viragem, já ninguém lhe tira.

 

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