Jaime Faria despede-se de Nottingham com olhos em Wimbledon
Por António Vieira Pacheco
![]() |
Créditos: Direitos Reservados. Jaime Faria não conseguiu soltar o seu arsenal tenístico. |
Primeira grande colheita em relva
Foi em Nottingham que Jaime Faria começou a escrever o seu nome com letras verdes no palco dos profissionais em relva. O jovem lisboeta de 21 anos despediu-se esta quinta-feira do Challenger 100 britânico, eliminado nos quartos de final por Shintaro Mochizuki, um nome já escrito nos livros de Wimbledon — ex-campeão júnior e artista minucioso deste tipo de piso.
Faria, número 119 do ‘ranking’ ATP e segundo
melhor português da atualidade, não resistiu ao jogo meticuloso do japonês,
164.º da hierarquia. Mochizuki desenhou ângulos como um calígrafo ‘zen’,
impondo-se com autoridade: 6-2 e 6-0, em 48 minutos.
O “canhão” de Faria — conhecido pela sua força
na linha de base — foi desmantelado peça a peça, como quem desmonta uma
armadura com a precisão de um mestre de ‘bonsai’. A relva, superfície
traiçoeira para os menos habituados, expôs a diferença de ritmo e leitura
tática.
Semana de crescimento
Apesar da eliminação, esta foi a melhor
campanha do lisboeta em relva até hoje. O jovem venceu dois encontros antes de
cair: superou o wildcard britânico Patrick Brady e bateu Jan Choinski (208.º),
num jogo duro que provou a sua maturidade competitiva.
Mais do que resultados, Faria colheu
uma valiosa bagagem tática. Deixou as primeiras pegadas firmes no jardim
meticuloso que é o circuito de relva, e isso será determinante para os desafios
seguintes.
Rumo a Wimbledon com novas armas
Nottingham foi o único torneio de preparação
de Faria para o qualifying de Wimbledon, que começa nos próximos dias em
Roehampton. Será a segunda presença do português na fase de qualificação do
Grand Slam londrino.
No ano passado, caiu na primeira ronda frente ao compatriota Henrique Rocha. Este ano, chega mais maduro, com ‘ranking’ superior e com um jogo mais afinado — pronto para tocar a campainha de entrada no templo do ténis.
Se os pisos duros favorecem a agressividade e o serviço de
Faria, a relva pede outra gramática. Reações rápidas, jogo baixo, uso do
slice, primeiro serviço eficaz — são elementos essenciais. Contra Mochizuki, ficou claro
que o português continua a traduzir o seu ténis para esta nova língua,
mas já começou a escrever frases promissoras.
Como um jovem jardineiro num campo sagrado, começou a plantar o seu estilo — o resto virá com tempo, paciência e mais
batalhas.
Pronto para novos capítulos
Nos próximos dias, o número dois de Portugal entrará na fase
de qualificação com o objetivo claro de chegar, pela primeira vez, ao quadro
principal de um Grand Slam. A tarefa é árdua — serão três rondas exigentes, com
adversários de grande nível — mas o português já provou que sabe navegar em
águas desafiantes.
Wimbledon é mais do que um torneio. É um palco
onde as histórias se eternizam — e Faria está pronto para tentar escrever a
sua.
A campanha em Nottingham pode
ter terminado com uma derrota, mas foi também uma lição, um marco e uma
afirmação de talento. O jovem português sai com moral reforçada e de olhos
postos em Wimbledon, onde sonha com um lugar entre os grandes.
Para mais atualizações sobre o percurso de
Faria e outros talentos nacionais, continue a seguir o nosso espaço — com
cobertura diária, entrevistas exclusivas e notícias de quem leva Portugal aos
maiores palcos do ténis mundial.
Comentários
Enviar um comentário
Críticas construtivas e envio de notícias.