Nuno Borges resiste ao lusco-fusco!
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: Millennium Estoril Open. A raça de Nuno Borges levou-o aos quartos de final, |
Num Estoril a escurecer, o nome de Nuno Borges brilhou mais do que os últimos
raios de sol. O número 41 do ‘ranking’ ATP resistiu a uma batalha de nervos e
pernas frente ao experiente Marton Fucsovics (130.º), carimbando o passaporte
para os quartos de final do Millennium Estoril Open com um
suado 7-6 (6), 6-7 (4) e 6-4. Foram três horas e 18 minutos de ténis disputado
ao segundo e ao milímetro.
Um duelo ao detalhe
A missão não era só vencer. Era
também vingar a derrota de Gastão Elias no mesmo dia e manter
o ténis português bem representado no torneio da casa. Desde os primeiros
pontos, ficou claro que esta não seria uma travessia tranquila. O
nativo de Nyiregyhaza, a sétima maior cidade da Hungria, antigo top
35, revelou-se um adversário duro de roer — experiente, sólido e sem pressa de
sair de cena.
O primeiro ‘set’ foi uma dança tensa,
com ambos a trocarem breaks e ameaças. Borges, Lidador, determinado, salvou
dois ‘sets’ points antes de fechar o parcial num tiebreak que já fazia
adivinhar a extensão até ao início da noite.
Resistência como identidade
Se o primeiro ‘set’ foi de suor, o
segundo foi de resistência mental. Pouco arriscado de parte a parte, o parcial
voltou a empurrar os protagonistas para a roleta russa do tiebreak. Desta
feita, foi o húngaro quem levou a melhor, alimentando a incerteza no Estádio
Millennium, que resistia ao frio e ao avançar da hora com estoicismo digno de
quem acredita.
Mas Borges não
vacilou. Com o apoio do público, entrou no terceiro ‘set’ a acelerar, quebrando
o serviço de Fucsovics cedo e tentando fugir no marcador. A vantagem, no
entanto, seria efémera. O húngaro voltou a equilibrar, deixando tudo em aberto.
Porém, o maiato voltou a apertar, encontrando no terceiro ponto de encontro o
caminho para o alívio e para a celebração.
Regresso com contas a ajustar
Há um ano, o sonho das meias-finais
escapou-lhe entre polémicas frente a Cristian Garin. Desta vez, Borges tem nova
oportunidade para alcançar o fim de semana decisivo, e diante do seu público. O
adversário será o sérvio Miomir Kecmanovic (47.º), finalista vencido do
ano passado no Estoril.
O confronto promete: ambos têm uma vitória no historial, com o maiato a levar a melhor no último duelo, em Montreal. Se passar pode escrever mais uma página dourada no ténis nacional. Se Borges vencer o seguinte e alcançar a final, será apenas o segundo português a consegui-lo, depois da histórica campanha de João Sousa, em 2018.
Com um ténis de detalhes e nervos,
Borges provou que o talento português está à altura dos grandes palcos. Num
jogo onde a luz se esvaiu, mas o brilho ficou, o maiato mostrou que, no
Estoril, é preciso mais do que pancadas fortes: é preciso alma. E dessa, o Lidador parece ter de sobra.
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