Jaime Faria reconhece: “Tenho 21 anos, mas já parece que tenho 50”
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: ATP Tour. Lisboeta admite, após a eliminação em Roland Garros, que continua com dores. |
Jaime Faria digere Roland Garros entre dores e lucidez
Na noite silenciosa de Paris, já a
roçar a meia-noite, Jaime Faria apareceu calmo, ainda suado da derrota, mas de
espírito limpo. Havia acabado de cair na primeira ronda de Roland Garros, em
quatro ‘sets’, perante o norte-americano Jenson Brooksby. Mais do que a
desilusão do resultado, o número dois nacional trouxe para a conferência de
imprensa uma clareza rara — e talvez até precoce — sobre o seu corpo, o seu
jogo e o que o espera.
“O resultado não foi o que eu desejava, mas consegui competir e estou orgulhoso de ter jogado este encontro.”
Com palavras medidas, Faria
reconheceu o mérito de estar ali, mesmo longe das melhores condições. A
preparação para o torneio foi comprometida por dores persistentes e um corpo
que continua a reclamar atenção.
A leitura do corpo
Entre frases pausadas, revelou o
dilema de muitos jovens atletas: jogar mesmo sem estar pronto, porque os palcos
não esperam.
“Se quero continuar a evoluir, tenho de perceber melhor os sinais do meu corpo.”
Apesar da tentação de jogar os
grandes palcos — e Roland Garros é um deles — Faria admite que talvez precise
de parar. Parar para treinar. Parar para curar.
Lesões que não largam
O edema ósseo no pé esquerdo já faz
parte do passado — “é uma excelente notícia”, frisou. Mas os problemas
musculares no ombro direito e a velha lesão no pulso esquerdo não o largam.
“Tenho 21 anos, mas já parece que
tenho 50”, desabafou, entre sorrisos.
O humor serve de escudo, mas também
de farol: Faria está consciente das limitações e determinado a reencontrar o
ritmo.
O que segue
Inscrito no Challenger de Bratislava,
ainda em terra batida, Jaime Faria terá após virar o foco para a relva. Quer
jogar o qualifying de Wimbledon, embora o ‘ranking’ já não lhe permita a
entrada direta no quadro principal.
“Sei que preciso de treinar mais para o meu corpo e o meu nível voltarem a estar onde quero estar.”
A estrada é longa e o corpo é
exigente, mas a lucidez do português, ainda jovem, mostra que talvez a
maturidade, essa, já esteja bem mais avançada do que os anos que leva vividos.
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