Jaime Faria cai na estreia em Roland Garros
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: FPT. Canhão do Jamor encravou em Paris na primeira ronda. |
A despedida de Faria de Paris com promessas por cumprir!
Na envolvência ténue da noite
parisiense, Jaime Faria viveu este domingo a sua primeira experiência no quadro
principal de Roland Garros. Aos 21 anos, o número dois do ténis português,
atualmente 115.º no ‘ranking’ mundial, enfrentou com coragem o norte-americano
Jenson Brooksby — 161.º do mundo e detentor de um título ATP em terra batida
conquistado já esta temporada.
A derrota por 6-1, 3-6, 6-3 e 6-2, ao
fim de 2h21 de encontro, reflete uma batalha interior mais profunda: a de um
corpo ainda a recuperar, a de um ritmo ainda por reencontrar.
Lesões, tempo e silêncios
O lisboeta chegou a Paris sem o
embalo que tão bem o caracterizou no início do ano. Nos últimos três meses,
Faria travou um duelo silencioso com o corpo: primeiro, um edema ósseo no pé
esquerdo obrigou-o a parar durante dois meses; mais recentemente, uma limitação
muscular no braço direito — precisamente o do serviço e da direita — voltou a
tolher-lhe os movimentos e a confiança.
Essa falta de ritmo foi visível nos
momentos decisivos do encontro. Apesar de um segundo ‘set’ bem conseguido, onde
reagiu com garra e encontrou soluções no fundo do court, Faria mostrou-se por
vezes preso, com dificuldade em manter a intensidade exigida ao mais alto
nível.
Um adversário em ascensão
Do outro lado da rede, Brooksby,
ex-top 35 mundial e agora em busca da sua melhor forma, demonstrou porque
continua a ser um nome a considerar no circuito. O norte-americano já este ano
protagonizou uma semana memorável em Houston, de onde, vindo da fase de
qualificação, ergueu o seu primeiro título ATP em terra batida. E foi essa
solidez, essa confiança reencontrada, que acabou por pesar nos parciais finais
do embate.
Uma estreia com sabor agridoce
Apesar da eliminação, o Canhão do Jamor sai
de Paris com sinais positivos e promessas por cumprir. A entrada direta no
quadro principal de um Grand Slam — sem necessidade de convite ou qualificação
— é um marco na carreira de qualquer jogador, e Faria alcançou-o aos 21 anos.
Mais do que o resultado, importa o
caminho: o talento está lá, a garra é visível, e a margem de crescimento
continua a ser ampla. A sensação é a de que esta foi apenas a primeira página
de um capítulo que se escreverá com mais força, quando o físico deixar e o
tempo ajudar.
Portugal volta a sonhar
Com Nuno Borges a afirmar-se no top
50 e o lisboeta a dar passos seguros em direção à elite, o ténis português
vive um momento de renovação silenciosa, mas promissora. A despedida do Canhão do Jamor de Roland Garros não é um fim, mas o início de uma nova etapa.
Porque, mesmo nas derrotas, há
sementes que germinam. E, em Paris, Faria deixou as suas na terra batida que
tantas histórias já viu nascer.
A derrota de Faria deixou a
representação nacional a cargo do Lidador (também em ação na noite deste
domingo) e Henrique Rocha (só na terça-feira) nos singulares,
sendo que Francisco Cabral completa a comitiva
lusa ao competir na variante de pares (que também conta com o Lidador).
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