Duelo de irmãos no Jamor

                                                         Por António Vieira Pacheco

Ambos os tenistas analisam o encontro da segunda ronda.
Créditos: FPT. O embate que todos esperavam em Oeiras. Henrique Rocha face a Gastão Elias.

Entre compatriotas, o jogo nunca é só jogo

É daqueles segredos mal guardados: raramente os compatriotas gostam de medir forças. Um sentimento discreto, íntimo, que contrasta com a expetativa do público, esse, sim, entusiasmado com a ideia de ver dois dos melhores representantes do país frente a frente.

No Oeiras Open 5, o destino alinhou Gastão Elias e Henrique Rocha numa dessas encruzilhadas. Ambos preferiam que fosse de outro modo, mas aceitaram o que o sorteio ditou.

“É mais um encontro como algumas centenas dos que já fiz.”
— Gastão Elias, afirmou com a ironia que lhe é conhecida.

“Contra portugueses é sempre diferente, é sempre chato.”
— completou o tenista da Lourinhã, sem rodeios.

Não era somente mais um jogo. O adversário era um dos companheiros de treino mais habituais.

“Ainda por cima o Henrique é um dos jogadores com quem eu mais treino em Portugal.”

“Da última vez correu demasiado bem para o lado dele, não tive grandes hipóteses.”

“Apesar de ele não ter ganho muitos encontros ultimamente, é uma situação perigosa porque é um jogador novo, com potencial e trabalha bem, portanto a qualquer momento pode ganhar confiança e mudar completamente a maré.”

Henrique Rocha: entre ensinamentos e redescobertas

Henrique Rocha ouviu as palavras e devolveu com a mesma franqueza. A proximidade, mais do que um obstáculo, tem sido uma alavanca.

“A maioria dos meus últimos treinos tem sido com ele.”

“Temos passado bastantes horas juntos no campo. Isso tem-me ajudado e espero que também o tenha lhe ajudado.”

“É um jogador com muita experiência, por isso querendo ou não vai sempre dando uma dica, ou outra.”

Aos 21 anos, depois de um início de época difícil e oito derrotas consecutivas, Henrique procura recuperar o ritmo que o levou ao 155.º lugar do ‘ranking’ ATP em fevereiro.

Do Jamor para o mundo: sonhos em paralelo

Gastão Elias, com 34 anos e um título ITF conquistado esta temporada, tenta reencontrar-se também. No Jamor, onde antes reinou com três títulos seguidos e 16 vitórias acumuladas, o presente tem sido mais exigente.

Ambos caminham com um só foco: evoluir. Elias ainda persegue o qualifying de Wimbledon. Rocha tenta voltar à sua melhor versão, à forma solta e confiante que chegou a prometer grandes voos.

“Estamos cada vez melhor.”
— disseram quase em uníssono.

“A caminhar na direção certa.”

Não é apenas um encontro entre dois jogadores portugueses. É um espelho. Uma passagem de testemunho, uma rivalidade saudável, uma conversa em forma de jogo. E, por muito que o quadro competitivo os separe, ambos sabem que dali sairão melhores — com ou sem vitória.

Jogador

Idade

‘Ranking’ ATP (atual)

Melhor ‘ranking’ ATP

Títulos em 2025

Gastão Elias

34

318.º

57.º (2016)

1 ITF

Henrique Rocha

21

195.º

155.º (fev. 2025)


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