Uma equipa com raça, um êxito com alma

                                                           Por António Vieira Pacheco

Selecionadora emocionada com o apuramento.
Créditos: FPT. Neuza Silva emocionada com o triunfo.

Houve um momento, ali naquele final de jogo de pares, em que o tempo pareceu suspender-se. Matilde Jorge e Angelina Voloshchuk selaram o ponto decisivo no par — e Portugal selou algo mais: um lugar raro, inédito, daqueles que se contam com os dedos. A Seleção Nacional lutará por um lugar no play-off de novembro e, quem sabe, abrir caminho para os Qualifiers de 2026.

Neuza Silva, selecionadora nacional, estava visivelmente emocionada. Não era para menos. E entre um sorriso largo e a alma ao peito, lançou um apelo sincero:
“Puxem pela malta, a nossa equipa cresce! Gostávamos que olhassem para estas jogadoras de outra forma, estamos com uma equipa forte, sólida e com grande futuro pela frente.”

Mais do que a vitória por 2-1 frente à Áustria, esta quinta-feira, fica a certeza de que a manutenção no grupo I da zona Europa/África está garantida — objetivo cumprido, mas não só. Superado.

Na véspera frente à Croácia, houve um imensurável sobressalto: a vimaranense Francisca Jorge, a Kika, saiu magoada e deixou a equipa com o coração nas mãos. Neuza teve de decidir rápido, e decidiu:
“Com o susto que tivemos ontem com a Kika, decidi ir com a Angelina a jogo no singular. Felizmente a lesão não é grave. Foi mais o susto, mais a inflamação. Já fez exames de manhã e vai estar apta para jogar no sábado contra a Eslovénia.”

Angelina, a mais jovem, deu tudo o que tinha. Vinha de um período sem competição, sem ritmo, e ainda assim entrou em campo sem hesitar.
“Teve bastantes oportunidades no primeiro ‘set’, liderou no segundo…, mas o corpo ainda não responde como o talento exige. Foram erros de quem precisa de tempo para voltar ao melhor nível”, reconhece a capitã.

Mas foi Matilde quem puxou a corda para o lado certo. Pegou no primeiro singular com autoridade e resolveu a partida como quem sabe o que faz.
“Foi uma partida sem história”, disse Neuza, sem rodeios. “A Matilde esteve a um nível altíssimo, não deu nenhuma hipótese à adversária.”

Ficava tudo por decidir nos pares. E, nessa altura, a química resultou. A dupla Matilde/Angelina, estreia absoluta, foi uma aposta ganha: “Felizmente, a Angelina tinha um monstro de pares ao lado. A Matilde adora jogar pares, é a praia dela, cresce, comanda, vibra. Jogou brilhantemente.”

A técnica, orgulhosa, sublinhou ainda o espírito da equipa: “São sempre encontros muito duros, física e emocionalmente. Esta semana foi exaustiva, mas mesmo com a derrota de ontem mantivemos a cabeça erguida. Sabíamos que hoje seria equilibrado e importante, e foi o que fizemos.”

Agora, há um dia de pausa para saborear o feito. Um momento para respirar, recuperar forças, espreitar a Eslovénia com olhos de lince. Mas a promessa está feita. E o orgulho, esse já ninguém retira: “Vamos preparar da melhor maneira o embate histórico de sábado. Penso que é a primeira vez que estamos nesta posição. Vamos fazer tudo para conseguirmos levar o apuramento para casa.”


Comentários

Mensagens populares deste blogue

FPT continua em festa

Gilberto Garrido é um farol da Madeira

José Santos, o árbitro mais antigo do ténis de mesa