Millennium Estoril Open: os campeões que seguem firmes ou já se retiraram

                                                                   Por António Vieira Pacheco

A vitória histórica do vimaranense, em 2018, no Millennium Estoril Open.
Créditos: Millennium Estoril Open. João Sousa comemora o triunfo de 2018.

No coração do Estoril, entre o sal do Atlântico e o perfume da terra batida, ergue-se ano após ano um dos palcos mais singulares do ténis mundial: o Millennium Estoril Open. Aqui, não se conquistam somente troféus, escreve-se história. Alguns partiram para a glória, outros dois regressaram ao anonimato com um último aplauso, mas todos deixaram ali uma parte de si. Esta é a história dos campeões — onde estão agora, fazendo, e como ecoam ainda na memória do ténis.

O presente no topo da rede

Hubert Hurkacz ergueu o troféu em 2024 com o mesmo rigor com que serve: certeiro, calmo, implacável. Não foi só mais um título, foi o primeiro em terra batida.  

Com esse triunfo conquistou o seu oitavo título ATP, o primeiro em terra batida. O polaco, de 28 anos, não enfrentou nenhum ponto de break durante a final e registou 15 ases, destacando-se pela sua consistência e potência no serviço. 

E como quem sabe que o tempo é breve, Hurkacz reforçou a sua equipa técnica no presente ano com lendas como o checo Ivan Lendl e o chileno Nicolas Massu.

Casper Ruud ganhou em 2023 e o norueguês de compostura nórdica e da força vulcânica continua a encantar aos 26 anos. O norueguês não parou no Estoril. Usou-o como trampolim para se manter entre os grandes.

Em 2022, um argentino chamado Sebastián Báez encantou. Pequeno no porte, gigante na raqueta. Báez continua a escrever a sua história entre finais e lutas intensas. A terra ainda o acolhe com carinho, e ele responde com garra sul-americana.

Os resistentes da velha guarda!

Albert Ramos Viñolas, de 36 anos, levou, em 2021, o troféu e o cheque para casa. O espanhol de mãos suaves e alma de lutador ainda resiste. Pode já não estar entre os favoritos, mas a sua presença nos quadros principais continua a ser sinal de respeito e legado.

Com cabelos de herói grego e talento à altura, Stefanos Tsitsipas, aos 26 anos, é um dos maiores nomes do circuito. O Estoril conquistado em 2019 foi um capítulo de ascensão; hoje, vive o clímax de um enredo que ainda promete muito.

Carreño Busta, por sua vez, passeou, em 2017, a sua classe pelo Estoril. Silencioso, eficiente, resiliente. O espanhol com 33 anos ainda pisa os courts com a mesma elegância, embora as luzes já não brilhem tanto sobre si.

Entretanto, a técnica de Richard Gasquet é uma carta de magia ao ténis. Embora o tempo o tenha afastado do topo, continua presente, um mestre que desafia os anos com um revés de uma mão digno de quadro. Os mais velhos não se esqueçam da sua vitória em 2015.

A despedida com honra

João Sousa, 36 anos, elevado a herói nacional, venceu em 2018, mas já se despediu das raquetas e encontrou nova casa no ATP Tour, como diretor de comunicação dos jogadores. De campeão no court a ponte entre bastidores e atletas, O vimaranense honra o jogo com a mesma seriedade de outrora.

O murciano Nicolas Almagro, de 39 anos, ganhou em 2016. Hoje, longe dos holofotes, dedica-se ao ténis com outros papéis, como projetos ligados ao ténis juvenil, talvez descubra outro Carlos Alcaraz, nascido Múrcia.

Entre a terra e eternidade

O Millennium Estoril Open não é só um torneio. É um ponto de partida, um refúgio, um fim digno. Cada campeão leva consigo mais do que o troféu: leva o eco das palmas, o cheiro da terra molhada, o vento da costa a sussurrar promessas. Uns ainda lutam por mais glória, outros abraçaram novos caminhos. Mas todos são parte deste lugar onde o ténis se cruza com a poesia.


Os vencedores do Millennium Estoril Open de 2015 a 2024:

 

Ano

Campeão de Singulares

Resultado da Final

2024

Hubert Hurkacz (Polónia)

Pedro Martinez por 6–3, 6–4

2023

Casper Ruud (Noruega)

Miomir Kecmanovic por 6–2, 7–6 (7–3)

2022

Sebastián Báez (Argentina)

 Frances Tiafoe por 6–3, 6–2

2021

Albert Ramos Viñolas (Espanha)

Cameron Norrie por 4–6, 6–3, 7–6 (7–3)

2020

Torneio cancelado devido à pandemia

2019

Stefanos Tsitsipas (Grécia)

Carreño Busta por 6–2, 6–3

2018

João Sousa (Portugal)

 Frances Tiafoe por 6–4, 6–4

2017

Pablo Carreño Busta (Espanha)

Gilles Muller por 6–2, 7–6 (7–5)

2016

Nicolás Almagro (Espanha)

Carreño Busta por 6–7 (6–8), 7–6 (7–5), 6–3

2015

Richard Gasquet (França)

 Nick Kyrgios por 6–3, 6–2

 

 


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