Irmãs juntas são de colheita 'vintage'

                                                          Por António Vieira Pacheco
 Mais um título paras irmâs em pares!
Créditos: FPT. Mais um título de pares para irmãs Jorge

  

Não foi o final como se sonhava — mas acabou em festa, e em português de Portugal.
Num final abrupto e inesperado, as irmãs Francisca Jorge e Matilde Jorge ergueram novamente o troféu de campeãs no Oeiras CETO Open, repetindo o feito do ano anterior e somando o 22.º título juntas, o quinto somente nesta temporada.

O destino quis que a história se escrevesse agridocemente: do outro lado da rede, a sérvia Aleksandra Krunic caiu no primeiro ponto do match tiebreak decisivo, vítima de fortes dores num dedo da mão direita, impedindo-a de continuar. O marcador ditou um 6-7 (7), 6-1 e 1-0 favorável às portuguesas, selando mais uma conquista no Clube Escola de Ténis de Oeiras.

Vento como terceiro adversário

Até aí, o duelo fora uma dança incerta, levada pelo vento forte que rasgava o campo e baralhava a precisão de cada pancada. O céu, testemunha da batalha, parecia soprar em todas as direções, dificultando a leitura do jogo e elevando ainda mais a exigência mental das protagonistas.

O primeiro ‘set’ foi um carrossel: arrancada das Jorge até 4-0, seguida de uma reviravolta feroz das adversárias, que somaram cinco jogos consecutivos. Entre quebras e recuperações, o tiebreak sorriu a Krunic e Santamaria, mas sem nunca quebrar a fibra das irmãs vimaranenses.

No segundo parcial, Francisca e Matilde, donas de um entendimento quase telepático, serenaram a tempestade e impuseram o seu ritmo. A qualidade das trocas aumentou, a eficácia também. Um 6-1 claro colocou tudo em igualdade, e o embalo seria português. Até que a lesão de Krunic trouxe o silêncio e a decisão precoce.

No rescaldo, entre sorrisos e abraços, as irmãs não esconderam a felicidade, mesmo lamentando o desfecho. Mais uma semana perfeita, somada ao título conquistado no domingo anterior no Oeiras Ladies Open, no Jamor. Dois troféus em duas semanas, tal como em 2024. Um duplo déjà vu que se torna cada vez mais natural para quem tem nível para voos ainda mais altos.

Números que contam uma história

As contas são fáceis de fazer e necessitam de máquina calculadora: 22 títulos juntas, cinco no corrente ano, quatro deles em solo português. Para Francisca, este foi o 33.º troféu de pares; para Matilde, o 26.º. E no ‘ranking’, os frutos estão à vista: Francisca manterá o 100.º lugar mundial em pares, Matilde poderá saltar para 101.ª na próxima atualização da hierarquia WTA, a 5 de maio.

Mas mais do que números, ficou o sentimento. A sensação de que, em cada pancada, em cada sprint, em cada sorriso partilhado, há muito mais do que títulos: há cumplicidade, perseverança e um amor pelo jogo que transcende os resultados.

O vento soprou forte em Oeiras.
E, mais uma vez, foi em português que a festa se fez.

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