Hugo Calderano faz história em Macau!
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Créditos: Direitos Reservados. Hugo Calderano conquista Taça do Mundo. |
Macau, na cidade dos casinos, onde as
fichas costumam girar ao som de moedas e sorte, o que se ouviu desta vez foi
samba. O ténis de mesa roubou o protagonismo ao jogo de azar, e Hugo Calderano, de 28 anos, virou a mesa com um espetáculo que nem o crupiê esperava.
O chinês Lin Shidong, embalado pelo público da casa, entrou melhor, vencendo o primeiro parcial por 11–6. Parecia tudo no ‘script’ — a velha história dos prodígios chineses no desporto que dominam como quem respira. Mas Calderano, qual pescador experiente, não temeu o mar revolto. Esperou. Observou.
A reviravolta tropical: dança de
raqueta e coragem
Depois, o brasileiro soltou o braço e
o coração. Vieram quatro parciais seguidos de puro ritmo: 7–11, 9–11, 4–11,
5–11. Uma roda de samba de precisão milimétrica, em que cada pancada era um
tamborim, cada ponto uma cuíca. Calderano embalou-se, girou sobre o próprio
eixo e fez da mesa um palco. A plateia viu um número histórico em somente 42
minutos.
Mas a final foi somente o fecho da
bateria. Nos quartos de final, despachou o japonês Tomokazu Harimoto, número
três do mundo. Nas meias-finais, calou o campeão mundial e olímpico Wang
Chuqin. E, na decisão, derrotou o número um. Um desfile completo, sem
intervalo.
Desde 2017 que não se ouvia este
canto!
A última vez que um jogador fora da
China ou da Europa ergueu a Taça do Mundo foi em 2017, com o alemão Dimitrij
Ovtcharov. Calderano quebrou o enredo, riscou o guião e fez história: o
primeiro não chinês a conquistar o troféu desde então — e o primeiro fora do
eixo Europa-Ásia. Um verdadeiro galo do samba a cantar no amanhecer do ténis de
mesa internacional.
Na competição feminina, a ordem foi
mantida. Sun Yingsha, campeã mundial, venceu sem surpresas a compatriota Kuai
Man, num duelo 100% chinês.
A portuguesa Jieni Shao também pisou
o palco, embora tenha saído cedo, na fase de grupos. Um empate, uma derrota e a
esperança de um futuro onde o fado se transforme, também ele, num samba
vitorioso.
Final feliz com um milhão em jogo
A Taça do Mundo voltou a Macau após a pandemia, com um milhão de dólares em prémios. Mas para Calderano, mais que o valor em euros, foi o peso simbólico que cintilou: a vitória de quem acreditou quando parecia improvável. O brasileiro não precisou de sorte — bastou-lhe talento, garra e o compasso certo para levar para casa um cheque de cerca de 80 mil dólares.
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Créditos: Direitos Reservados. A festa deCalderano em Macau. |
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