Hugo Calderano faz história em Macau!

                                                          Por António Vieira Pacheco
Brasileiro foi vencedor da Taça do Mundo.
Créditos: Direitos Reservados. Hugo Calderano conquista Taça do Mundo.

Macau, na cidade dos casinos, onde as fichas costumam girar ao som de moedas e sorte, o que se ouviu desta vez foi samba. O ténis de mesa roubou o protagonismo ao jogo de azar, e Hugo Calderano, de 28 anos, virou a mesa com um espetáculo que nem o crupiê esperava.

O chinês Lin Shidong, embalado pelo público da casa, entrou melhor, vencendo o primeiro parcial por 11–6. Parecia tudo no ‘script’ — a velha história dos prodígios chineses no desporto que dominam como quem respira. Mas Calderano, qual pescador experiente, não temeu o mar revolto. Esperou. Observou.

A reviravolta tropical: dança de raqueta e coragem

Depois, o brasileiro soltou o braço e o coração. Vieram quatro parciais seguidos de puro ritmo: 7–11, 9–11, 4–11, 5–11. Uma roda de samba de precisão milimétrica, em que cada pancada era um tamborim, cada ponto uma cuíca. Calderano embalou-se, girou sobre o próprio eixo e fez da mesa um palco. A plateia viu um número histórico em somente 42 minutos.

Mas a final foi somente o fecho da bateria. Nos quartos de final, despachou o japonês Tomokazu Harimoto, número três do mundo. Nas meias-finais, calou o campeão mundial e olímpico Wang Chuqin. E, na decisão, derrotou o número um. Um desfile completo, sem intervalo.

Desde 2017 que não se ouvia este canto!

A última vez que um jogador fora da China ou da Europa ergueu a Taça do Mundo foi em 2017, com o alemão Dimitrij Ovtcharov. Calderano quebrou o enredo, riscou o guião e fez história: o primeiro não chinês a conquistar o troféu desde então — e o primeiro fora do eixo Europa-Ásia. Um verdadeiro galo do samba a cantar no amanhecer do ténis de mesa internacional.

Na competição feminina, a ordem foi mantida. Sun Yingsha, campeã mundial, venceu sem surpresas a compatriota Kuai Man, num duelo 100% chinês.

A portuguesa Jieni Shao também pisou o palco, embora tenha saído cedo, na fase de grupos. Um empate, uma derrota e a esperança de um futuro onde o fado se transforme, também ele, num samba vitorioso.

Final feliz com um milhão em jogo

A Taça do Mundo voltou a Macau após a pandemia, com um milhão de dólares em prémios. Mas para Calderano, mais que o valor em euros, foi o peso simbólico que cintilou: a vitória de quem acreditou quando parecia improvável. O brasileiro não precisou de sorte — bastou-lhe talento, garra e o compasso certo para levar para casa um cheque de cerca de 80 mil dólares.

Surpresa em Macau!
Créditos: Direitos Reservados. A festa deCalderano em Macau.


 



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