Motor de Murta parou nos 'quartos'

  Por António Vieira Pacheco

Travada por uma tenista local.
Inês Murta travada em solo do Egito.

Foram precisas duas horas e trinta e nove minutos para a derradeira pancada sentenciar o encontro. Sob o sol quente de Sharm El Sheikh, a bola riscou o ar, beijou a linha e ditou o destino de Inês Murta.

A jovem algarvia, de volta aos campos depois de uma longa batalha contra o tempo e a lesão, fez da raqueta um pincel e desenhou golpes de elegância e força. O seu primeiro serviço trouxe promessas, com 71,9% de acerto, mais firme que o da sua oponente, a egípcia Lamis Aziz. Mas no xadrez do jogo, nem sempre quem abre melhor termina vitorioso.

Foram 10 oportunidades para quebrar o serviço adversário, cinco convertidas. No outro lado da rede, Aziz soube ser mais letal: seis breaks em 10 tentativas. Entre trocas de bolas rasantes e ‘lobs’ teatrais, entre a terra batida do desgaste e a rapidez da ambição, Murta chegou aos match points. Quatro. A um toque de fechar o encontro, mas sem conseguir. A sua oponente, porém, não hesitou quando chegou a sua vez. Um último golpe e a porta das meias-finais abriu-se para Aziz. O marcador ficou escrito com os números frios da derrota: 6-2, 6-7 (1/7) e 0-6.

Mas o que são números diante do regresso ao jogo? O que valem os ‘sets’ perdidos face ao recomeço de um percurso? Duas semanas seguidas nos quartos de final são um sinal. Os pormenores importam, e a fibra de quem regressa também. Amanhã será outro dia, outros jogos, outras raquetes a vibrarem na batida do esforço.

E se hoje não foi dia de vitória, há sempre o passeio pela brisa quente de Sharm El Sheikh, onde o mar se estende em promessas e as derrotas se dissolvem ao ritmo das ondas. O court pode esperar, porque o caminho ainda não terminou.




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