Domingues renasce no Jamor

                                                             Por António Vieira Pacheco
O português entrou com a mão direita no Challenger Oeiras 5.
Créditos: FPT. João Domingues entrou com o acelerador a fundo e está a um passo da melhor grelha.

Um regresso com alma

O sol de maio aqueceu o pó de tijolo do Jamor e, com ele, a raqueta de João Domingues. No coração do Complexo de Ténis, o tenista de Oliveira de Azeméis, de 31 anos, voltou a sentir o sabor da vitória. Foi o terceiro triunfo da época, mas, mais do que isso, foi um sinal de renascimento — no Court Central e perante olhos atentos, que sabem reconhecer quando a garra súpera o desgaste.

Domingues, atual 549.º do ‘ranking’ ATP e ex-top 150, derrotou o alemão Sebastian Fanselow por 6-4 e 6-0 em somente 80 minutos. Não concedeu nenhum break point e impôs o seu jogo com a confiança de quem conhece a terra batida como o seu próprio corpo. O adversário, embora residente em Portugal e treinado pelo consagrado Emanuel Couto, não conseguiu travar a intensidade imposta pelo português.

Foi um encontro sem hesitações. O primeiro ‘set’ trouxe equilíbrio até ao momento decisivo, mas no segundo, a supremacia foi total. Um autêntico manifesto de quem ainda tem muito para dar.

As cicatrizes que não se veem

Nos últimos tempos, o português viu o seu percurso ser travado por lesões persistentes. A pausa forçada, porém, não lhe roubou o instinto competitivo. Em vez disso, fortaleceu o desejo de voltar. E este domingo mostrou que a estrada da recuperação, embora longa, pode ter recompensas doces.

Com três títulos de Challenger conquistados — todos em terra batida —, Domingues mostrou que, mesmo longe dos tempos de glória, a sua esquerda afiada e movimentação inteligente continuam a fazer a diferença.

Próximo passo: o quadro principal

A vitória garantiu-lhe um lugar na ronda final do qualifying, onde poderá defrontar o jovem suíço Leandro Riedi, promissor talento que já venceu um torneio Indoor em Oeiras, ou o italiano Luca Castagnola. Seja qual for o adversário, a ambição está lá: entrar no quadro principal do Oeiras Open 5 e continuar a construir este regresso com pés firmes no saibro português.

A chama que não se apaga

Domingues é um exemplo do que é lutar contra o tempo, contra o corpo e contra as probabilidades. A sua presença no Jamor é mais do que competitiva: é emocional. É um apelo à resistência. A terra batida portuguesa conhece-o bem, e ele, por sua vez, responde com respeito e entrega.

O Oeiras Open 5 ainda agora começou, mas para Domingues, esta vitória já representa um marco. E quem sabe se não será o início de mais uma bela página no seu percurso, escrita com o suor de quem nunca deixou de acreditar.

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