Domingues renasce no Jamor
![]() |
Créditos: FPT. João Domingues entrou com o acelerador a fundo e está a um passo da melhor grelha. |
Um regresso com alma
O sol de maio aqueceu o pó de tijolo
do Jamor e, com ele, a raqueta de João Domingues. No coração do Complexo de
Ténis, o tenista de Oliveira de Azeméis, de 31 anos, voltou a sentir o sabor da
vitória. Foi o terceiro triunfo da época, mas, mais do que isso, foi um sinal
de renascimento — no Court Central e perante olhos atentos, que sabem
reconhecer quando a garra súpera o desgaste.
Domingues, atual 549.º do ‘ranking’
ATP e ex-top 150, derrotou o alemão Sebastian Fanselow por 6-4 e 6-0 em somente
80 minutos. Não concedeu nenhum break point e impôs o seu jogo com a confiança
de quem conhece a terra batida como o seu próprio corpo. O adversário, embora
residente em Portugal e treinado pelo consagrado Emanuel Couto, não conseguiu
travar a intensidade imposta pelo português.
Foi um encontro sem hesitações. O
primeiro ‘set’ trouxe equilíbrio até ao momento decisivo, mas no segundo, a
supremacia foi total. Um autêntico manifesto de quem ainda tem muito para dar.
As cicatrizes que não se veem
Nos últimos tempos, o português viu o
seu percurso ser travado por lesões persistentes. A pausa forçada, porém, não
lhe roubou o instinto competitivo. Em vez disso, fortaleceu o desejo de voltar.
E este domingo mostrou que a estrada da recuperação, embora longa, pode ter
recompensas doces.
Com três títulos de Challenger
conquistados — todos em terra batida —, Domingues mostrou que, mesmo longe dos
tempos de glória, a sua esquerda afiada e movimentação inteligente continuam a
fazer a diferença.
Próximo passo: o quadro principal
A vitória garantiu-lhe um lugar na
ronda final do qualifying, onde poderá defrontar o jovem suíço Leandro Riedi,
promissor talento que já venceu um torneio Indoor em Oeiras, ou o italiano Luca
Castagnola. Seja qual for o adversário, a ambição está lá: entrar no quadro
principal do Oeiras Open 5 e continuar a construir este regresso com pés firmes
no saibro português.
A chama que não se apaga
Domingues é um exemplo do que é
lutar contra o tempo, contra o corpo e contra as probabilidades. A sua presença
no Jamor é mais do que competitiva: é emocional. É um apelo à resistência. A
terra batida portuguesa conhece-o bem, e ele, por sua vez, responde com
respeito e entrega.
O Oeiras Open 5 ainda agora começou,
mas para Domingues, esta vitória já representa um marco. E quem sabe se não
será o início de mais uma bela página no seu percurso, escrita com o suor de
quem nunca deixou de acreditar.
Comentários
Enviar um comentário
Críticas construtivas e envio de notícias.