Madalena Fortunato: ‘O badminton só cresce se trabalharmos em conjunto’
🖋️Por: António Vieira Pacheco
📸 Créditos: Federação Portuguesa de Badminton
⏱️ Tempo de leitura: 5 minutos
![]() |
| Madalena em ação, demonstrando a paixão e a concentração que a tornaram tricampeã nacional. |
Natural das Caldas da Rainha,
Madalena Fortunato voltou a fazer história ao conquistar o seu terceiro título
nacional consecutivo de badminton, consolidando-se como uma das jogadoras mais
consistentes e promissoras da modalidade em Portugal. Aos 21 anos, a tricampeã
alia disciplina, serenidade e paixão pelo jogo à exigência académica do
Mestrado em Master in Management no ISEG, demonstrando um equilíbrio exemplar
entre estudo e competição de alto rendimento.
Nesta conversa com o Entrar no Mundo das Modalidades, a jovem caldense fala sobre o percurso, os desafios
emocionais, os rituais antes dos jogos e o que a mantém motivada a cada treino,
mesmo após alcançar o topo nacional.
O frio na barriga do tricampeonato
Entrar no Mundo das Modalidades — Como descreve o momento em que
conquistou o seu terceiro título nacional? Ainda sente o mesmo frio na barriga
de quando venceu pela primeira vez?
Madalena Fortunato — Foi um momento de grande felicidade!
Após um ano cheio de altos e baixos, com dúvidas e desafios pelo caminho, posso
dizer que acabou da melhor forma possível. Por isso, a emoção e aquele “frio na
barriga” continuam lá. Foi o culminar de um ano de trabalho e dedicação para
chegar até aqui, e conseguir este título é, sem dúvida, algo muito importante
para mim.
De passatempo a carreira
EMM — Lembra-se do momento em que percebeu
que o badminton não seria somente um passatempo? O que despertou essa faísca
inicial?
MF — Comecei a jogar badminton no desporto escolar e rapidamente
fascinei-me pela velocidade do volante. Mais tarde, decidi juntar-me a um
clube. Tomei esta decisão unicamente por querer passar mais horas da minha
semana a jogar, porque achava que as horas no desporto escolar não
eram suficientes. Foi a partir desse momento que deixou de ser exclusivamente
um passatempo. Queria sempre treinar mais vezes e evoluir!
EMM — Em que momento percebeu poder
transformar o gosto pelo jogo numa carreira de alta competição?
MF —Aconteceu no momento em que comecei a
ganhar mais encontros e atingir alguns resultados. Lembro-me dos meus
treinadores falarem comigo sobre tentar entrar numa carreira de alto
rendimento, e foi nesse momento que se tornou efetivamente uma possibilidade.
O apoio da família e a rotina de treino
EMM — Que papel teve o apoio da família
neste percurso até ao tricampeonato?
MF — A minha família tem sido fundamental. Tenho a sorte e privilégio de
ter uma família muito próxima, que me tem apoiado incondicionalmente. Seja para
festejar bons resultados ou para me apoiar em momentos difíceis, sei sempre que
posso contar com eles. Sem este suporte familiar, acho mesmo que não
conseguiria alcançar nenhum destes títulos.
EMM — O que nunca falta no seu dia de
treino — café, música ou boa disposição?
MF — Penso que uma combinação dos três! Os meus dias começam sempre com
café e boa música, e com eles surge a boa disposição. Tento sempre manter o
foco no treino, mas, no final de contas, treino badminton porque me faz feliz,
e é importante manter algum equilíbrio.
Rituais, concentração e nervos
EMM — Há algum ritual ou superstição que
segue antes de entrar em campo?
MF — De momento, não tenho superstição específica. Já tive, mas percebi que
podia gerar extra ‘stress’. Gosto de fazer um aquecimento consistente, escutar
música e ter um momento de concentração sozinha. Coisas que me deixam
confortável, mas não vejo como uma obrigação.
EMM — O volante já lhe pregou alguma
partida em momentos decisivos?
MF — Sim, já aconteceu. Em jogos importantes, parecia que os pontos iam
cair para mim, mas acabei por não os ganhar. São pequenas experiências que nos
fazem aprender e estar melhor preparados para o futuro.
EMM — Se pudesse escolher uma música para tocar cada vez que entra em campo, qual seria?
MF — Não tenho uma
música específica, mas gosto de algo animado, com batida forte, que ajuda a
subir os meus níveis de energia.
![]() |
| O sorriso de uma tricampeã nacional. |
MF — Tento focar-me no ponto específico que vou disputar, não no resultado. Lembro-me que treino para esses momentos decisivos e estou preparada
para os enfrentar. Isso ajuda a manter a confiança e o pensamento positivo.
EMM — O que considera mais desafiante:
manter a concentração ou lidar com os nervos?
MF — Lidar com os nervos. Muitas vezes vêm
de mim própria, não do exterior, e tive de aprender a jogar contra os meus
pensamentos antes de enfrentar qualquer adversário. Controlar nervos e
pensamentos é, às vezes, o mais difícil.
Motivação, adversárias e orgulho nacional
EMM — Após três títulos, como mantém a
motivação para continuar a superar-se?
MF — Sempre há forma de me continuar a superar. Fico extremamente contente
com os títulos, mas ainda há muito para evoluir. A competição pelos títulos
aumenta e qualquer jogadora pode ganhar. Por isso, tenho de continuar a
trabalhar para evoluir e ter mais fins de semana felizes como este.
EMM — Qual foi a adversária que mais a fez
evoluir?
MF — Para ser sincera, não consigo
escolher somente uma. No badminton nacional temos jogadoras com estilos
diferentes, todas me fazem evoluir de formas distintas. Aprender a adaptar-me é
essencial.
![]() |
| Madalena concentrada no volante. |
EMM — O badminton português tem crescido. O que mais a orgulha nesse desenvolvimento?
MF — Todos os resultados dos jogadores portugueses são motivo de orgulho. O
badminton só cresce se nos apoiarmos e trabalharmos em conjunto. Fazemos parte
de um núcleo pequeno, e é cada vez mais importante perceber que só juntos
podemos evoluir. O essencial é concentrarmo-nos no futuro do badmínton em
Portugal.
![]() |
| Garra e concentração. |
EMM — E para terminar: se o volante falasse… o que acha que ele diria sobre si?
MF — Julgo que diria
que sou persistente. Após bons e maus momentos, continuo sempre a
encontrar-me com o volante para mais treino e mais trabalho. Mas acima de tudo,
diria que continuo feliz a treinar e a jogar, porque é nessa felicidade que
encontro motivação. No fundo, ele reconheceria alguém que joga com paixão pelo
badmínton. Leia também Diogo Glória, o novo campeão nacional.




Comentários
Enviar um comentário
Críticas construtivas e envio de notícias.