Diamantino Ruivinho: ‘A Che Lagoense é uma grande família’

🖋️Por: António Vieira Pacheco

📸 Créditos: Che Lagoense

⏱️ Tempo de leitura: 6 minutos

Diamantino Ruivinho o homem forte do badminton no Algarve.
Diamantino Ernesto, o grande impulsionador do Badminton no Algarve.

                   Fundador, dirigente e voz do badminton algarvio

Diamantino Ernesto Ruivinho, fundador da Che Lagoense, responsável pelo badmínton e diretor do clube, é hoje uma das figuras mais marcantes do desporto no Algarve. O seu percurso está profundamente ligado à consolidação e afirmação da modalidade no concelho de Lagoa e, por extensão, no panorama nacional. Para muitos, é impossível falar do crescimento da modalidade em Portugal sem reconhecer o papel estruturante que o dirigente desempenhou ao longo de mais de três décadas.

Desde 1993, ano da fundação da ACD Che Lagoense, conduz o clube por meio de uma filosofia que combina rigor, proximidade e formação integral. Esta visão permitiu transformar uma pequena iniciativa local num dos principais polos formativos do país, com impacto social comprovado, resultados competitivos consistentes e uma identidade desportiva que ultrapassa largamente as fronteiras do concelho.

O clube formou gerações de atletas e treinadores, transmitindo valores como disciplina, esforço, espírito de equipa e cidadania — pilares que definem a sua cultura interna. A presidência da instituição é atualmente exercida por Rita Ruivinho, garantindo a continuidade da liderança familiar e a estabilidade administrativa do clube.

Crescimento sustentado e identidade forte

Para Diamantino Ruivinho, o crescimento da Che Lagoense no badminton não é fruto do acaso, mas sim o resultado direto de uma estratégia coerente e contínua.

Jovens em ação no badminton. 
Como refere, “a nossa evolução assenta na consistência de uma escola de formação humana e desportiva que capta jovens desde baixa idade e que está profundamente ligada à comunidade.”

Este princípio é a base sobre a qual o clube se construiu e continua a assentar. Hoje, a Che Lagoense abrange três grandes áreas — badminton, ginástica rítmica e acrobática — envolvendo cerca de 400 atletas. A dimensão é significativa, sobretudo para um clube que nasceu num território periférico e que, apesar disso, se tornou referência nacional.

Diamantino Ruivinho não hesita em afirmar: “Podemos considerar que o CHEL assume hoje o estatuto de clube mais consistente na modalidade de badminton em Portugal.”

A consistência competitiva, o crescimento sustentado da base de atletas e a ligação à comunidade consolidaram a reputação do clube como modelo de formação.

Formação enraizada na comunidade

A Che Lagoense não é unicamente um clube — é um ecossistema educativo e social. A visão do dirigente sempre foi clara: o desporto deve complementar a formação humana e acompanhar as famílias, e não ser um elemento isolado no dia a dia das crianças e jovens.

Por isso mesmo, o clube apoia-se em várias estruturas educativas locais: creche, pré-escolar, CATL e centros de apoio ao estudo dos 2.º e 3.º ciclos. Este modelo, segundo ele, é determinante na identidade da instituição:

Jovem algarvio feliz na prática da modalidade.
A felicidade de um jovem a jogar.
“Sem uma formação acautelada, dinamizada e acarinhada, o projeto não terá futuro. Talvez resida aqui a nossa diferença: juntamos várias componentes de apoio às famílias e à formação dos jovens.”

Mais do que acompanhar o percurso desportivo, o clube algarvio acompanha as rotinas, necessidades e realidades das famílias — algo que reforça a proximidade e cria laços duradouros. A comunicação permanente via WhatsApp, as iniciativas de convívio e a presença regular dos pais nos torneios fortalecem um sentimento de pertença incomum.

O dirigente resume isto numa frase simples, mas reveladora:
“Esta relação de proximidade é a base do êxito e do trabalho feito.”

Estratégia, metas e exigência competitiva

A estrutura técnica da Che Lagoense, composta por 4 treinadores, trabalha de forma articulada com um gabinete de psicologia, garantindo que o acompanhamento dos atletas não se limita ao treino físico ou à vertente competitiva.

A parceria com as UAAR — Unidades de Apoio ao Alto Rendimento — presentes nas escolas do concelho, reforça esta rede. Para Diamantino Ruivinho, estas estruturas “são de enorme valor e uma mais-valia determinante.”

A força do CHE Lagoense é ilustrada na foto. Recentemente ganhou vários títulos de equipas mistas.

No plano desportivo, os objetivos estão claramente definidos até ao final de dezembro:

“O clube pretende continuar a alargar a sua base de captação e lutar pelo maior número possível de títulos. Esperamos conquistar 12 títulos coletivos e outros tantos individuais e ver muitos dos nossos atletas convocados para as seleções nacionais.”

A ambição é elevada, mas alinhada com o percurso recente do clube, que se tem destacado nos vários escalões competitivos. A aposta na continuidade e na renovação da base de atletas é vista como essencial para manter o nível atual e preparar o futuro.

Desafios de futuro

O aumento do número de praticantes trouxe novos desafios, sobretudo no que diz respeito à gestão de espaços e horários de treino.

A Che Lagoense dispõe de um pavilhão próprio, orientado para a iniciação e formação, mas utiliza também um pavilhão municipal destinado aos escalões mais competitivos. Ainda assim, a pressão sobre os horários é crescente — sinal da dimensão atingida pelo clube.

No entanto, para Diamantino Ruivinho, o futuro coloca desafios ainda maiores do que o espaço físico:

“Os desafios de maior complexidade são o reforço financeiro e a internacionalização dos nossos atletas, para elevar os padrões de competitividade da modalidade.”

Num desporto onde o alto rendimento exige deslocações frequentes, participação em provas internacionais e investimento individual e coletivo, o financiamento torna-se uma peça crítica. A internacionalização, por sua vez, é vista como fundamental para elevar o nível técnico do clube e permitir que os jovens atletas alcancem patamares mais ambiciosos.

Reconhecimento e impacto
na comunidade de Lagoa

A Che Lagoense consolidou-se como uma referência incontornável no concelho de Lagoa. O clube foi distinguido entre os melhores do Algarve, obteve prémios na ginástica e no badminton. 

Estes reconhecimentos não só refletem a qualidade e consistência do trabalho desenvolvido ao longo dos anos, como reforçam a responsabilidade do clube em manter padrões elevados de excelência, tanto desportiva como formativa, continuando a formar atletas e cidadãos com valores sólidos.

“Quando os resultados são bons, o impacto no território é sempre de grande estímulo. Mas aumenta também a exigência do trabalho”, sublinha o dirigente.

A coletividade é hoje motivo de orgulho local e um exemplo de como um clube pode funcionar como motor de desenvolvimento desportivo, educativo e social.

A visibilidade do badminton e o desafio nacional

O diretor reconhece que o badminton ainda enfrenta desafios para conquistar maior visibilidade na comunicação social e no reconhecimento público em Portugal.

“Num país onde as modalidades coletivas têm maior expressão na comunicação social, o badminton necessita de ganhar estatuto de modalidade estratégica em cada concelho de Portugal.”

O dirigente acrescenta ainda que, “considerando que é uma das modalidades desportivas com maior número de praticantes no desporto escolar, é fundamental ultrapassar barreiras junto da comunicação social, conquistando um espaço público mais amplo e visível. Claro que para isto é necessário fazer crescer o nível competitivo da modalidade, principalmente no espaço internacional.

Che Lagoense no lugar mais alto no campeonato nacional de equipas mistas de jovens.
Che Lagoense no lugar mais alto do pódio no Nacional de equipas mistas de sub-19.

Identidade, espírito e valores

A identidade do clube algarvio é marcada pela união e pela simplicidade dos valores que orientam o clube há mais de 30 anos.

Quando questionado sobre como definiria a instituição numa única palavra, responde sem hesitar:

“Uma grande família. A família CHEL — união entre clube, município e famílias.”

Se o clube fosse uma jogada de badminton, seria, segundo o dirigente:

“A jogada da humildade, da dedicação, do respeito e da tenacidade.”

Quanto ao que distingue verdadeiramente a Che Lagoense das restantes instituições desportivas, aponta para um momento simbólico, mas essencial:

“A regra do jogo Pais e Filhos — um momento único que revela a alma do nosso clube.”

A liderança de Diamantino Ruivinho no badminton, aliada à presidência da sua esposa Rita Ruivinho e ao trabalho contínuo da Che Lagoense, demonstra que um clube pode unir excelência desportiva, formação de valores e impacto social.

O badminton em Lagoa continua a crescer, preparado para novos desafios e capaz de formar atletas e cidadãos conscientes, refletindo a força e a identidade única do clube.

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