Nuno Borges: suor, fé e uma manga apertada na Caja Mágica de Madrid
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: ATP Tour. Nuno Borges faz uma exibição de luxo na Caja Mágica. |
Durou duas horas e trinta e cinco
minutos para o maiato vencer o asturiano Pablo Carreño Busta, atual 96.º mundial. Duas horas e meia de pulso firme, alma ao vento e... com a 'manga'
apertada. Em Madrid, no coração dos Masters 1000, Nuno Borges entrou em campo
com a leveza do costume, mas rapidamente se viu preso — não só ao resultado,
mas também à 'manga direita' da camisola, que parecia mais interessada em
sufocar o braço do que deixá-lo jogar.
O português, número um nacional,
viu-se em desvantagem desde cedo. O primeiro ‘set’ escorregou-lhe por entre os
dedos como terra seca: 6-7 (7). A cada serviço de resposta, a cada direita
cruzada, havia um toque de desconforto — não só pela pressão do adversário, mas
também pela ditadura da manga.
Quando o match point não foi o fim,
mas o início!
No segundo ‘set’, o drama subiu de tom. Aos 5-4, match point para o adversário no seu serviço. A plateia sussurra, o tempo suspende-se, e Borges, com a manga ainda colada ao braço, decide que não está ali para fazer figura de corpo presente. Salva o ponto decisivo com a frieza dos grandes. Ganha o tiebreak por 7-6 (3) e empurra o encontro para um terceiro ‘set’ onde, enfim, a liberdade de movimentos parece coincidir com a liberdade do seu jogo.
No ‘set’ final, o português
transforma a raqueta em pincel e desenha pontos com precisão. Deixa para trás
os engulhos da camisola e do adversário. 6-3, e está feito. Vitória suada,
épica, merecida. O resultado: 6-7 (7), 7-6 (3), 6-3. Estava consumada a primeira vitória do português neste torneio.
Ao lado do court, o chapéu segue
intacto e folgado, não apertado. A manga, espera-se, terá aprendido a lição. E
o Lidador segue para a segunda ronda dos Masters 1000 de Madrid, onde o
espera Alejandro Davidovich Forkina — nome comprido, pancada curta e uma
vontade feroz de não facilitar a vida a ninguém.
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Créditos: Lidador solta-se em Madrid. |
De olho em Davidovich Fokina
O próximo capítulo será frente ao sempre aguerrido espanhol Alejandro Davidovich Fokina, 28.º cabeça de série, conhecido tanto pela irreverência como pela intensidade. Borges terá de repetir a garra e, idealmente, não se pressionar com o equipamento. A esquerda parece bem. A direita precisa de espaço para escrever mais uma história e o serviço está no ponto para derrubar o tenista de Málaga. Porém, foi uma exibição de alto quilate do número um português na Caja Mágica diante do experiente espanhol e atual 96.º do mundo.
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