Trinta e sete anos, mãe e campeã: o conto de fadas de Tatjana Maria

                                                         Por António Vieira Pacheco

Mãe, ainda brilha aos 37 anos no circuito mundial.
Créditos: WTA Tour. Que garra e classe Tatjana Maria. A nova rainha de Londres.

Tatjana Maria, será rainha também em Wimbledon?

Tatjana Maria, de 37 anos e atual 86.ª do ‘ranking’ mundial, completou este domingo um dos mais improváveis contos de fadas do ténis moderno, ao conquistar o WTA 500 de Londres, no histórico Queen’s Club, com uma exibição que misturou resiliência, mestria e fé.

A tenista alemã, que há dois anos foi semifinalista de Wimbledon, chegou a este torneio sem grandes expectativas: teve de passar pelo qualifying e carregava nos ombros o peso da idade — pelo menos segundo os padrões de um circuito cada vez mais jovem. Mas o que seguiu foi uma caminhada digna de argumento de cinema.

Quatro gigantes no caminho

Na rota até à final, Maria derrotou quatro jogadoras com finais de Grand Slam no currículo: Leylah Fernandez, Karolína Muchová, Elena Rybakina e Madison Keys. Todas caíram perante a inteligência tática, o slice afiado e a incomodativa variação de jogo da alemã, especialmente eficaz sobre relva.

Na final, diante da norte-americana Amanda Anisimova, 15.ª WTA e uma das melhores jogadoras da temporada, Tatjana Maria não vacilou: venceu por 6-3 e 6-4, em uma hora e 25 minutos, impondo novamente o seu estilo paciente, feito de mudanças de ritmo e de um jogo mais pensado do que explosivo.

Uma vitória para além do ‘ranking’

Este título não é somente um troféu. É um grito de afirmação para todas as jogadoras (e mulheres) que recusam a ideia de que a idade define limites. Tatjana Maria tornou-se a mulher mais velha a vencer um torneio WTA 500 vinda do qualifying, e prepara-se para reentrar no top 50, batendo o seu próprio recorde pessoal no ‘ranking’.

A ironia do tempo

Numa era dominada pela juventude, Tatjana Maria provou que a experiência também serve match points. Com 37 anos — idade para ser mãe da nova número um Portugal, Matilde Jorge — a alemã dançou sobre a relva londrina com a leveza de quem já não tem nada a provar. Porque, afinal, no ténis como na vida, às vezes ser veterana não é um fardo, mas uma arma silenciosa — capaz de desarmar até as estrelas em ascensão.


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