José Vilela: Guardião das raquetes e do espírito do Atlântico

                                                                            Por António Vieira Pacheco

Vilela comemora mais um aniversário.
Créditos: Direitos Reservados. José Vilela comemora hoje mais um aniversário.

Onde o rio e mar encontram o ténis

Na Foz do Douro, onde o rio se rende ao Atlântico e o vento transporta ecos de outras épocas, nasceu e cresceu uma paixão inabalável pelo ténis. Entre os jardins do Passeio Alegre, as muralhas do Castelo de São João da Foz e o constante respirar do mar, José Vilela, que festeja no próximo dia 3 de julho o seu 74.º aniversário, encontrou o seu palco. Um court de terra batida junto às ondas e ao Farolim de Felgueiras — terreno fértil onde germinou o seu amor pelo desporto.

Foi ali, no Lawn Tennis Club da Foz, que Vilela apanhou bolas, jogou, treinou, ensinou e inspirou. Como jogador, os seus encontros atraíam vizinhos e curiosos. O público enchia o clube e vibrava com cada pancada como se batesse com o próprio coração. Era mais do que um desporto: era comunhão.

Uma bandeira no ombro, a Nação no coração

No seu Lawn Tennis Club da Foz enchia o local com os seus conterrâneos.
Créditos: Facebook de José Vilela. O pentacampeão da Foz do Douro.

Com espírito combativo e visão serena, Vilela vestiu as cores de Portugal na Taça Davis com orgulho e honra. Como jogador (sagrou-se pentacampeão nacional, de 1973 a 1977) e depois como capitão da seleção, trouxe ao ténis português a emoção das grandes batalhas.
O auge chegou em 1994, quando Portugal alcançou, pela primeira vez, o play-off do Grupo Mundial da Taça Davis. E o adversário era a poderosa Inglaterra. E o cenário? O clube onde tudo começou como apanha bolas.
Nesse momento, o campo de ténis transformou-se em arena. Os aplausos misturavam-se com o som das ondas e o bater do coração coletivo. Não era somente um jogo — era história a ser escrita com raquete e suor. Um menino da casa brilhava no ténis nacional como selecionador.

Mestre das gerações

A verdadeira medida de um mestre não está somente nos títulos, mas na forma como molda o futuro. E ele moldou gerações.

 Com a voz firme e o olhar atento, ensinou jovens a servir com precisão, a resistir com coragem e a jogar ténis com inteligência e arte.
Criou raízes no desporto juvenil com projetos como a José Vilela Cup, que atrai talentos internacionais à Cidade Invicta. Mas a sua maior vitória talvez seja invisível: a confiança incutida, o sonho aceso, o gesto correto no momento certo.

Um homem, um estilo

“Sou naturalmente alegre, divertido e comunicativo” — assim se descreveu José Vilela, com a humildade de quem valoriza o que é essência numa entrevista a um Órgão de Comunicação Social.

Nos encontros com jogadores ou nas bancadas da Taça Davis, essa natureza aproxima-o de todos. Mais do que líder, é presença constante, próxima, humana.
“Sinto-me o homem mais feliz do mundo quando percebo que a equipa gosta que esteja com eles”, confessou na época. E é nessa cumplicidade — entre mestre e discípulos — que reside com a sua verdadeira força.

A sua vida é feita de encontros: entre gerações, entre talento e trabalho, entre o passado glorioso e um futuro promissor. Presentemente é o embaixador da Federação Portuguesa de Ténis, sendo também Presidente da Associação de Treinadores.

 Um legado que vive e inspira

No próximo dia 3 de julho, em que José Vilela celebra mais um aniversário, nesse data não celebramos apenas um homem. Celebramos o mar que sempre esteve ao seu lado, o vento que lhe moldou a resiliência, e as muralhas que lhe ensinaram a firmeza e o apoio de um público fozeiro que sempre o apoiou.
Celebramos o ténis português tal como ele o sonhou: com paixão, dignidade e uma rede de valores humanos que atravessa décadas.


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