As regras e os golpes do badminton explicadas de forma simples!
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: Direitos Reservados. O serviço é executado de baixo para cima. |
O jogo onde o ar também participa. Leve, rápido, exigente — mas fácil de aprender.
O badminton é um dos desportos de
raqueta mais rápidos do mundo, embora muitas vezes seja subestimado. Praticado
com um volante — mais leve que uma bola comum —, é um jogo onde o reflexo, a
estratégia e o posicionamento se sobrepõem à força bruta. Popular em países
asiáticos, olímpico desde 1992, começa a ganhar espaço também nos ginásios e
escolas portuguesas.
Como é a área de jogo?
A área de jogo tem dimensões
diferentes consoante a modalidade: em singulares, mede 13,4 metros de
comprimento por 5,18 metros de largura; em pares, a largura aumenta para 6,10
metros. Ao centro, uma rede a 1,55 metros divide o terreno — e os reflexos.
Cada ponto começa com um golpe serviço. O servidor no início de encontro será sorteado com uma moeda ao ar.
Este deve ser feito por baixo, com o volante abaixo da cintura, e a raqueta inclinada para baixo no momento do contacto. A direção do serviço muda conforme a pontuação: se o servidor tiver um número par de pontos, serve do lado direito; se for ímpar, do lado esquerdo.
Como é a pontuação?
A pontuação é simples: marca ponto
quem fizer a volante tocar no chão do campo adversário, ou quando o oponente
comete uma infração — como falhar o volante, bater para fora, tocar na rede ou
fazer dois toques consecutivos. Cada jogo é disputado à melhor de três ‘sets’,
e cada ‘set’ vai até aos 21 pontos. É necessário vencer por dois pontos de
diferença. Se o empate chegar aos 29–29, ganha quem fizer o 30.º ponto.
No entanto, não é somente o marcador
que dita o ritmo. O badminton exige rigor técnico e respeito pelas regras.
Tocar na rede com o corpo ou a raqueta, invadir o campo adversário, ou impedir
intencionalmente a jogada são faltas que podem custar caro. A ética e o fair
play não são opcionais.
Equipar-se corretamente também é
parte do jogo. A raqueta é leve — entre 80 e 100 gramas — e o volante pode ser
feita de penas naturais ou materiais sintéticos. O calçado deve ter sola
aderente e permitir movimentos rápidos em todas as direções.
No badminton, o jogo é uma dança de
leves e rápidos movimentos, onde cada golpe tem um propósito, uma mensagem por
trás da sua execução. A raquete, quase como uma extensão da alma do jogador,
desenha no ar gestos tão delicados quanto poderosos. O ritmo do jogo é composto
por uma sinfonia de ataques e defesas, cada golpe com a sua beleza singular.
Aqui, enumero alguns dos mais célebres gestos que compõem a arte do badminton:
O Smash (o golpe do trovão)
Este é o golpe dos deuses, o estalo feroz que ecoa no campo. Quando o volante
sobe até ao alto, o jogador se prepara, e com uma aceleração fulminante, atinge
a bola com uma força avassaladora. O smash é o golpe da decisão, aquele que
busca o ponto final, a explosão da partida. Com a raquete a descrever uma linha
quase reta, a sua trajetória é um arco de perfeição, que rasga o ar com
intensidade.
O ‘Clear’ (a elevação serena)
O ‘clear’ é o voo tranquilo da ave
que se eleva no céu. Este golpe, que envia o volante para o fundo do campo
adversário, exige precisão na altura e na força. Ele é usado como uma defesa
elegante ou como uma estratégia para criar distância entre os jogadores. Ao ser
executado, o ‘clear’ transforma o campo de batalha numa paisagem etérea, onde o
tempo parece estagnar por breves instantes.
Drop Shot (o toque suave do vento)
Este golpe é a leveza instalada
na partida. Quando o jogador toca o volante com uma suavidade de quem acaricia
uma pétala, o drop shot faz com que o volante caia suavemente, quase sem ruído,
perto da rede. Ele desarma a defesa adversária, criando uma expectativa de
acerto e desconcerto, como se o próprio jogo respirasse por um momento,
esperando a sua resposta.
O ‘Drive’ (o corte rápido do vento)
O ‘drive’ é o golpe de uma
mente ágil, de alguém que pensa enquanto age. Com a raqueta cortando o ar
lateralmente, o volante viaja rapidamente e com baixo trajeto, como uma flecha
que se dispara de um arco invisível. O ‘drive’ é o golpe do confronto direto,
da agilidade, da necessidade de manter a tensão na partida.
O ‘Net’ Shot (o toque de quem sussurra)
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Créditos: Direitos Reservados. Uma atleta a executar o ‘Net’ Shop. |
Este golpe é um sussurro entre o jogador e a rede. Com a raquete a deslizar
suavemente sobre o volante, o net shot cria um toque de pura subtileza, quase
uma brincadeira entre o atacante e o defensor. Ele é executado quando o volante
se aproxima da rede, exigindo uma destreza quase invisível, como um segredo
compartilhado entre o campo e a bola.
Cada golpe é, em si, uma poesia
escrita na velocidade da mente, na leveza dos pés, na tensão do corpo. O
badminton não é apenas um jogo, mas uma expressão das emoções contidas, uma
arte em movimento, onde a cada troca de volante, se revela mais do que o simples
objetivo de ganhar.
Por que é tão especial esta modalidade?
Ao contrário de outros desportos de
raqueta, o badminton não depende apenas da força ou resistência física. Aqui,
ganha quem souber ler o adversário, antecipar movimentos e dominar o tempo. O
silêncio entre os golpes é breve — e cada batida pode decidir o encontro
Talvez por isso, o badminton fascina
tanto os que o praticam como os que apenas observam. É um duelo sem contacto,
onde cada jogador tem apenas a raqueta, o volante e o seu próprio instinto. Num
mundo cada vez mais rápido, há algo poético na leveza com que a volante flutua,
antes de cair — com precisão cirúrgica — no chão do outro lado da rede.
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