Kika levanta a cabeça e olha em frente

                                                         Por António Vieira Pacheco
Créditos: FPT. Hoje não foi o dia da vitória, mas foi o dia de mostrar a fibra dos campeões.

  No embalo dos sonhos, há dias em que o vento sopra a favor… e outros em que insiste em ser adversário. No Oeiras CETO Open, Francisca Jorge, a número um nacional, viu a final escapar-lhe por entre as mãos, mas sai de cabeça erguida e com novos horizontes à vista.

Na tarde deste sábado, a vimaranense de 25 anos caiu às mãos da belga Greet Minnen, atual número 90 mundial, em dois equilibrados parciais de 6-4 e 6-4, ao cabo de uma hora e 47 minutos de duelo intenso. Foi a terceira meia-final de Francisca em torneios ITF W100, depois da Figueira da Foz (2023) e das Caldas da Rainha (2024), e, embora a vitória tenha fugido, o percurso foi de afirmação.

Kika é escusado desanimar

Com o seu ténis aguerrido e alma de guerreira, Francisca começou por quebrar o serviço adversário logo no primeiro jogo dos dois ‘sets’. No segundo parcial, chegou mesmo a liderar por 4-3 e serviço, momento em que um problema físico — que obrigou a pedir um medical time out ao pé esquerdo — travou parte do ímpeto que trazia.

Minnen, com o serviço poderoso e uma direita afiada, conseguiu encontrar soluções nos momentos de maior tensão. A belga acabou por ser mais eficaz, aproveitando as falhas portuguesas quando o equilíbrio se tornou mais frágil.

Francisca Jorge converteu somente duas das nove oportunidades de break, e a ansiedade pesou-lhe nas duas ocasiões em que serviu para fechar ‘sets’. A final de singulares ficou para outra ocasião, assim como a primeira vitória sobre uma jogadora do top 100 — um feito que continua a escapar-lhe, agora com um registo de 0-13.

Mas nem tudo são más notícias. A excelente semana em Oeiras garanta-lhe, no mínimo, a subida ao 255.º lugar do ‘ranking’ WTA, uma recompensa que reluz ao fundo de uma caminhada cada vez mais sólida. E com esse novo estatuto, o sonho de regressar ao quadro principal de Wimbledon renasce no horizonte.

A história, aliás, ainda não terminou em Oeiras: Francisca voltará a pisar o court na final de pares, ao lado da irmã Matilde Jorge. A dupla procura repetir o feito de 2023, quando conquistaram o troféu no CETO, e renovar a confiança no trabalho feito ao longo dos últimos anos.

Já Greet Minnen, ex-top 60 mundial, avança para a sua 25.ª final de carreira, a quarta em território português. A belga irá medir forças com a vencedora do duelo entre Yue Yuan, segunda cabeça de série, e Darja Semenistaja, quarta favorita. Para a belga, trata-se também da oportunidade de levantar o maior troféu da carreira, após finais amargas em WTA 125 e ITF W100.

O ténis é feito de momentos, de rasgos e de quedas, mas sobretudo de persistência. Francisca Jorge — ou, para todos nós, Kika — mostrou que, mesmo perante os ventos contrários, sabe encontrar motivos para sorrir e continuar a caminhar. O futuro, esse, já a espera — com mais força, mais confiança e a cabeça sempre, sempre levantada.

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