Seleção Nacional de sub-19 feminina a um passo da medalha no Europeu de Ostrava

                                                                Por António Vieira Pacheco

Seleção Nacional sub-19 entre as oito melhores da Europa
Créditos: FPTM. A Seleção sensação de Ostrava é a portuguesa de Sub-19.

Um encontro decisivo em Ostrava

Há vitórias que são mais do que simples passagens num torneio — são afirmações de talento, coragem e trabalho. Portugal está agora nos quartos de final do Campeonato da Europa de Ténis de Mesa Sub-19 feminino, após bater a Eslováquia, por 3-0, e o sonho de uma medalha está cada vez mais próximo. Uma equipa que somente pretendia a manutenção na I Divisão.

Na cidade de Ostrava, na República Checa, onde o verão é tímido, três jovens portuguesas fizeram soar alto o hino do ténis de mesa nacional. Matilde Pinto, Júlia Leal e Mariana Santa Comba enfrentaram a seleção eslovaca com técnica apurada, concentração e paixão. Esta combinação tem sido a marca das jogadoras portuguesas neste campeonato — a mistura perfeita entre frieza competitiva e alma.

O confronto começou com Júlia Leal contra Dominika Wiltschkova. Foi uma batalha tensa e equilibrada, com reviravoltas que mantiveram o público atento e o coração de Júlia batendo acelerado. Após perder o primeiro ‘set’, a portuguesa não se deixou abater. Venceu o segundo ‘set’ com muita luta e, mesmo sob pressão, soube controlar o nervosismo para ganhar o decisivo quinto ‘set’ por 3-2, num jogo que evidenciou a sua garra e resistência.

Seguiu-se Matilde Pinto, uma jogadora que demonstra calma e confiança em cada ponto. Com um estilo sereno e agressivo, rapidamente tomou controlo da partida contra Nina Darovcova, vencendo em três ‘sets’ diretos e sem dar margem para a adversária reagir. Foi um espetáculo de controlo e técnica que cimentou a liderança de Portugal na eliminatória.

Por fim, Mariana Santa Comba entrou em cena para fechar o encontro. A jovem jogadora transmontana exibiu talvez o seu melhor ténis de mesa até ao momento, com um estilo solto e dominante. Venceu Vanda Vanisova em somente três parciais, selando um 3-0 coletivo que não só garantiu a passagem aos quartos de final, como também deixou uma mensagem clara: Portugal está entre os melhores.

Portugal é a sensação de Ostrava.
Créditos: FPTM. Portugal vitorioso.

Trabalho, ciclos e um coletivo de sonho

Este sucesso não é fruto do acaso. É resultado de trabalho árduo, de ciclos de preparação bem geridos e da dedicação de clubes e treinadores que apostam no desenvolvimento das jovens atletas. A sintonia entre Matilde, Júlia e Mariana vai além do jogo: elas trocam olhares cúmplices e confiam umas nas outras, mostrando que formam um coletivo coeso e forte.

Nas fases anteriores, a seleção portuguesa já havia demonstrado maturidade, vencendo a Croácia, Ucrânia e Bulgária, o que reforça a ideia de que esta equipa não veio apenas para participar, mas sim para conquistar. O nível de concentração, a técnica apurada e a força mental têm sido decisivas para que o sonho da medalha permaneça vivo.

O desafio que se avizinha

Nos quartos de final, Portugal terá pela frente uma adversária à altura. A forte seleção da Eslováquia, já derrotada, foi apenas o primeiro grande obstáculo. O próximo encontro promete ser ainda mais difícil e poderá decidir se Portugal entra ou não na zona de medalhas. Apesar da pressão, as jovens lusas parecem preparadas para este desafio, encarando-o com serenidade e confiança.

Este é o momento em que a experiência e a capacidade de lidar com a pressão se tornam tão importantes quanto o talento. Cada ponto pode ser decisivo e a equipa sabe que é preciso manter o foco do início ao fim para seguir adiante.

Mais do que um jogo: a formação de uma geração

O ténis de mesa é um desporto de precisão, concentração e agilidade, mas, para estas jovens, é muito mais do que isso. É o palco onde constroem sonhos e aprendem lições que vão para além da mesa.

Esta equipa alia a concentração à alegria, o foco à leveza. São jogadoras que sorriem entre pontos, mas que mordem os lábios antes de servir. Que acolhem as instruções do treinador com respeito e atenção, como se fossem conselhos de uma irmã mais velha. Que não fogem ao confronto, mas o fazem com elegância e respeito pelo adversário.

Cada jogo tem sido, para elas, uma oportunidade de se descobrirem enquanto atletas e pessoas. E este Europeu é um espelho onde podem ver o reflexo do seu crescimento, talento e dedicação.

Eslováquia, 0 – Portugal, 3
Dominika Wiltschkova, 2 – Júlia Leal, 3 (4-11, 12-10, 9-11, 13-11, 4-11)
Nina Darovcova, 0 – Matilde pinto, 3 (6-11, 7-11, 6-11)
Vania Vanisova, 0 – Mariana Santa Comba, 3 (6-11, 4-11, 4-11)

A importância do acompanhamento e suporte

Por trás destas jovens há uma equipa técnica dedicada, um sistema de apoio que inclui treinadores, familiares e clubes que acreditam no potencial das atletas. O acompanhamento psicológico, físico e técnico é fundamental para poderem dar o seu melhor em cada momento.

O sucesso de Portugal no torneio também destaca o trabalho de longo prazo na formação desportiva feminina, mostrando que, com investimento e dedicação, é possível chegar longe.

Um passo de cada vez rumo à glória

Agora falta apenas um encontro para o pódio. O próximo desafio com a Hungria poderá ditar se Portugal consegue uma das medalhas. Independentemente do resultado, esta geração já provou que tem o que é preciso: talento, determinação e união.

Como se costuma dizer no desporto, o talento não se inventa, mas a confiança constrói-se. Jogo a jogo, ponto a ponto, estas jovens portuguesas escrevem uma história que inspira e orgulha o país.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

João Paulo Brito: as vitórias sem árbitros oficiais no ténis de mesa

Gilberto Garrido é um farol da Madeira

José Santos, o árbitro mais antigo do ténis de mesa