Matilde Pinto: entre dois mundos a medicina e o alto rendimento, com o leão ao peito

                                                             Por António Vieira Pacheco
Transmontana abre o coração ao Entrar no Mundo das Modalidades.
Créditos: FPTM. A campeã que quer ser médica. Uma luta de uma verdadeira campeã. 

Objetivos claros para o Campeonato da Europa

 Matilde Pinto, atleta de 19 anos e natural de Mirandela, continuará a representar o Sporting Clube de Portugal na próxima época. A confirmação chegou numa fase de grande afirmação da jovem mesa-tenista, que se prepara agora para competir no Campeonato da Europa de sub-19. 

Entre objetivos ambiciosos, sacrifícios conscientes e uma notável capacidade de conciliação entre os estudos e o desporto de alta competição, Matilde revelou ao Entrar no Mundo das Modalidades a fibra mental e a paixão que a movem.

O grande foco está agora no Campeonato da Europa de sub-19, que decorre em Ostrava (Chéquia). A jovem atleta encara a competição com determinação e pragmatismo: 

“A manutenção na 1.ª divisão é fulcral, e nas restantes provas o objetivo é ultrapassar o maior número de fases possíveis.” 

Não se trata de palavras feitas, mas sim de uma mentalidade competitiva moldada desde muito cedo.

Longe de casa desde os 14 anos

Um dos momentos mais marcantes do percurso de Matilde aconteceu quando, aos 14 anos, decidiu sair de casa para perseguir o sonho de competir ao mais alto nível. 

“Foi o meu maior desafio. Deixar o meu lar, a família, os amigos e a rotina de infância para me integrar num contexto totalmente voltado para a alta competição”, conta emocionada a jovem.

Ao mesmo tempo, teve de manter o rendimento escolar, conciliando as responsabilidades académicas com as exigências dos treinos e das competições.

Um ambiente de trabalho de confiança

Antes de se transferir para o Sporting, a internacional portuguesa, também sénior, representou o CTM Mirandela, clube da sua terra natal, onde deu os primeiros passos na alta competição. E também ao serviço das seleções nacionais, acumulou experiência internacional, enfrentando adversários de topo e moldando o seu espírito competitivo. No clube leonino, nas seleções e em Mirandela, 

Matilde destaca um ambiente “aberto, baseado no diálogo, no respeito e na confiança mútua”. Essa relação próxima com treinadores e colegas tem sido uma constante no seu percurso e uma mais-valia para o seu crescimento. Esse equilíbrio interno permite-lhe trabalhar com consistência e ultrapassar as adversidades com serenidade.


Matilde
(no vídeo veja a portuguesa em ação)
admite que já alcançou vários dos objetivos que estabeleceu. Ainda assim, não perde o foco no futuro. 

“Gosto de pensar que o céu é o limite. Desafiar-me é parte do meu ADN. Presentemente, a curto prazo, quero fazer uma transição sólida da carreira de sub-19 para o escalão de seniores. A longo prazo, o objetivo é claro: manter-me na alta competição.”

A conciliação entre os estudos e a competição internacional não é simples, mas Matilde encontrou uma forma de a tornar possível. Com disciplina, resiliência e uma boa dose de paixão. 

"Estou em Medicina, no curso que sempre ambicionei. Consigo praticar o meu desporto de eleição ao mais alto nível e, ao mesmo tempo, realizar-me académica e pessoalmente. Quando gostamos do que fazemos, mesmo com as renúncias, acaba por não se tornar um sacrifício."

Apoio da família: a base do equilíbrio

Esse equilíbrio é também sustentado por uma base familiar sólida e que está sempre presente. 

"Os meus pais dão-me a abertura necessária para fazer as minhas escolhas e isso facilita todo o processo."

Nos momentos em que as coisas não correm como o esperado ou quando atravessa fases de lesão, Matilde encontra neles, e nos amigos mais próximos, o apoio emocional para regressar mais forte. "É neles que vou buscar as forças e o ânimo necessário."

A transmontana é a atual campeã nacional de sub-19.
Créditos: FPTM. Matilde ao lado do treinador de clube e de seleção feliz.

Sobre como se mantém motivada, a campeã nacional de sub-19 individual fala de uma rotina que é, na verdade, flexível. "Depende do momento. Às vezes passa por treinar mais, outras por parar um pouco, alinhar estratégias e focar de novo no que importa." Essa capacidade de leitura emocional e auto ajuste é uma competência rara para a idade.

Viver com a pressão de representar Portugal

Representar a seleção nacional é motivo de orgulho, mas também uma fonte de pressão. 

"Adoro representar o meu país e essa pressão é natural. Todo o atleta sente quando quer elevar o nome de Portugal ao mais alto nível."

Fora do contexto competitivo, Matilde gosta de coisas simples: estar com a família e os amigos, passear, viajar ou ler. 

"São momentos essenciais para o meu bem-estar."

Nos últimos tempos, a estrutura de apoio ao atleta tem-se tornado mais robusta. 

"Contamos com nutricionista, fisioterapeuta e um psicólogo desportivo. As valências têm aumentado, o que é fundamental para manter o desempenho."

Emoção que vem do jogo

Para Matilde, a vitória é sempre especial, mas não é o único motor emocional. 

"Uma vitória importante é emocionante, claro. É a sensação de mais escalada conseguida. Mas um jogo bem jogado, mesmo que não se ganhe, também deixa uma sensação muito positiva. Saber que dei o meu melhor, que apliquei o que aprendi... tudo isso deixa-me orgulhosa."

A raça de uma campeá transmontana.
Créditos: FPTM. A raça da jovem portuguesa numa modalidade exigente.

Com um percurso feito de coragem, escolhas difíceis e muita dedicação, Matilde personifica a nova geração de atletas portugueses que estão dispostos a fazer mais e melhor. O futuro continua a ser escrito, mas com a sua mentalidade, o céu pode mesmo ser o limite.

Agora que conhece a história e os desafios de Matilde Pinto, que pergunta faria à jovem atleta para saber mais sobre a sua paixão e determinação? Deixe a sua pergunta nos comentários.

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