Entre raquetes e coragem: o brilho das jovens portuguesas no Europeu de Sub-19

                                                                  Por António Vieira Pacheco
Sub-19 de Portugal feminino termina invicto a fase de grupos.
Créditos: Seleção Nacional feminina de Sub-19 vence fase de grupos invicta. Mais um feito! 

A mesa como palco, a garra como bandeira

A Sele.ão Nacional de Sub-19 feminina de ténis de mesa encerrou este sábado a fase de grupos do Campeonato da Europa com um percurso imaculado. Júlia Leal, Mariana Santa Comba e Matilde Pinto deram o corpo e a alma à mesa, vencendo as três partidas do grupo e conquistando, com todo o merecimento, o primeiro lugar. Um início perfeito que as coloca entre as dezasseis melhores equipas do continente.

É difícil não notar a coincidência: as três jogadoras deram entrevistas ao Entrar no Mundo das Modalidades antes da prova. Coincidência ou prenúncio, certo é que o seu desempenho em Ostrava foi de uma maturidade digna de veteranas.

No primeiro embate do dia, diante da Ucrânia, Portugal venceu por 3-2. Foi um duelo de nervos, jogado ponto a ponto, com momentos de incerteza e reviravoltas emocionantes. Matilde Pinto abriu com uma vitória sólida frente a Veronika Vasylenko (3-0), mas a Ucrânia respondeu. A pressão aumentava, o ambiente cerrava. Foi Mariana Santa Comba quem devolveu o equilíbrio, num duelo intenso decidido no quinto ‘set’. Depois de um novo empate, coube a Júlia Leal fechar o jogo com uma vitória de garra sobre Vasylenko. Portugal sorria: 3-2 no marcador, mas muito mais no coração.

À tarde, frente à Bulgária, o domínio foi absoluto. Um 3-0 limpo, técnico, confiante. Pinto, Leal e Santa Comba jogaram como quem já conhece o caminho — e não teme a travessia.

Masculinos sub-19: uma boa resposta

No setor masculino, também os sub-19 deram um sinal positivo. Portugal venceu a Itália por 3-1, terminando em 2.º lugar no seu grupo. Tiago Abiodun brilhou com duas vitórias individuais, mostrando que o nome de família carrega um legado mas também uma assinatura própria. Clement Campino contribuiu com mais um ponto essencial, e Rafael Kong, apesar da derrota, demonstrou potencial para os duelos seguintes.

A equipa avança igualmente para os lugares de elite, entre os 16 melhores da Europa.

Sub-15: futuro em movimento

A esperança não se esgota nos sub-19. Entre os mais novos, houve também sinais encorajadores — e algumas aprendizagens duras.

No setor masculino sub-15, Portugal bateu a Inglaterra por 3-1. Rodrigo Andrade foi o herói da partida com duas vitórias individuais e participação decisiva no par com Adão Lucas, que também brilhou no jogo de pares. O primeiro lugar do grupo é um prémio justo para uma equipa que mostrou coragem e consistência.

Já no feminino, as sub-15 viveram uma jornada mais amarga. Frente à Polónia e à Roménia, Portugal saiu derrotado por 2-3 e 1-3, respetivamente. Leonor Gomes e Irina Silva deram o corpo ao manifesto em jogos apertados, sempre com luta até ao último ponto. A margem de crescimento é evidente, e cada ‘set’ jogado é um passo mais perto da maturidade competitiva.

Portugal entre os grandes

Terminada esta fase inicial, três das quatro seleções portuguesas seguem para o grupo de elite. Mais do que números, este dado revela consistência e trabalho. A Federação, os técnicos, os clubes formadores e os próprios atletas estão a colher frutos de uma aposta continuada.

O ténis de mesa português vive, assim, um momento de maturação. Ainda não é potência, mas também já não é surpresa. A seleção feminina sub-19, em particular, representa bem esta mudança: seguras, confiantes, talentosas — e agora vitoriosas.

A poesia da bola que gira

Há algo de poético no ténis de mesa: a bola tão pequena, mas cheia de mundo; a mesa tão estreita, mas capaz de conter toda a emoção de uma arena. E é isso que as jovens portuguesas mostraram. Com cada pancada, cada ‘set’, cada vitória — elas reescreveram um pouco da história da modalidade em Portugal.

Não será demais dizer que, neste sábado de julho, três jovens atletas empunharam as suas raquetes como espadas e escreveram, com suor e nervo, mais uma página luminosa para o ténis de mesa nacional.

E, como sempre, o mais belo é que isto... ainda agora começou.


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