Ilídio Gonçalves é o novo presidente do clube madeirense ADC Ponta do Pargo

                                                                🖋️ Por: António Vieira Pacheco

                                                                       📸 Créditos: ADC Ponta do Pargo
Ilídio Gonçalves a discursar na tomada de posse.
Créditos: ADC Ponta do Pargo. O segundo presidente do clube discursa.

Ponta do Pargo: Entre o embaixador e o vindoiro

Ilídio Gonçalves entra para a história da Associação Desportiva e Cultural da Ponta do Pargo. O madeirense torna-se no segundo presidente do clube e sucede ao inesquecível Gilberto Garrido, que fundou e deu alma a este projeto que atravessa gerações.

Garrido, que faleceu em abril deste ano, foi mais do que um líder — foi um sonhador que fez acontecer coisas onde antes não havia caminhos. 

Nascido naquela zona rural da Madeira, teve a convicção de que, mesmo num lugar pequeno, o desporto pode ser colossal. O seu sonho tornou-se realidade há 26 anos com a criação de um clube na sua terra natural.

Num lugar onde o mar encontra o céu, e onde o farol da Ponta do Pargo vigia os dias e as noites, nasceu um clube que não é só desporto — é comunidade, pertença e sonhos. A coletividade insular é, desde o primeiro segundo, mais do que clube. É uma âncora de identidade para quem vive entre as encostas verdes da Calheta e o azul profundo do Atlântico. Com o farol a avisar todos que ali existe um lugar de sonhadores e guerreiros.

No passado dia 23 de julho, o clube assinalou um momento significativo: a tomada de posse de Ilídio Gonçalves como novo presidente da Associação Cultural e Desportiva da Ponta do Pargo.

O evento, carregado de simbolismo, contou com a presença de diversas entidades locais e regionais e foi simultaneamente uma homenagem e uma promessa.

Um farol, um clube a apitar no ténis de mesa nacional.
Créditos: ADC Ponta do Pargo. 

Um farol que deixou luz: o legado de Gilberto Garrido

A memória do fundador esteve presente em cada palavra, em cada gesto. Ele foi durante mais de duas décadas e meia o motor da associação. Faleceu em abril passado, mas deixou uma marca indelével — como um farol que nunca se apaga, mesmo quando a noite se instala.

Garrido (leia aqui o artigo elaborado em vida) foi mais do que presidente. Foi guia, foi construtor, foi inspiração. Com ele, o ténis de mesa ganhou raízes profundas na freguesia mais ocidental da Madeira. Criou-se um projeto onde antes havia somente vontade. Trouxe mesas, redes, mas acima de tudo levou crianças, jovens e famílias para o interior do desporto.

Ilídio Gonçalves, que trabalhou ao lado do anterior presidente durante uma década, assumiu a responsabilidade de suceder a um “farol”. Um farol humano, cuja luz guiou gerações, que iluminou caminhos mesmo quando a margem era confusa e o chão incerto.

Uma bússola segura para um novo ciclo

Agora, é tempo de navegar com novas mãos ao leme — mas a bússola continua afinada pelos mesmos princípios. Ilídio Gonçalves parte do conhecimento da casa: “Trabalhei com o Gilberto Garrido durante dez anos, conheço os cantos à casa”, afirmou à RTP Madeira na tomada de posse, no passado dia 23 de junho. E é esse conhecimento que o leva a garantir que o futuro será construído sobre os alicerces sólidos do passado.

“Os nossos Órgão Sociais são constituídos por dirigentes da Ponta do Pargo. Estamos com muita energia para trabalhar para o clube”, sublinhou.

A sua conspeção não é somente de continuidade — é de expansibilidade. A energia que já se sente na estrutura técnica e nos voluntários do clube é o primeiro sinal de que há mais horizontes por explorar.

Atualmente, o clube conta com cerca de 50 atletas filiados na modalidade de ténis de mesa, distribuídos por vários escalões. A equipa feminina compete na I Divisão Nacional de ténis de mesa, o mais alto patamar da modalidade em Portugal, enquanto a equipa masculina disputa a II Divisão, sinal do compromisso com a excelência e com a formação contínua.

Tocar todas as crianças da Calheta

Mais do que competir, o novo presidente quer que o clube chegue a todas as crianças da Calheta. “Queremos abrir as nossas portas. Levar a prática desportiva onde ainda não chegou no concelho. Criar oportunidades, dar mais vida aos nossos espaços e envolver mais famílias.”

Não se trata somente de desporto, mas de inclusão, de cidadania ativa. A Ponta do Pargo quer continuar a ser uma casa aberta, onde o talento possa florescer — com ou sem ambições de pódio.

E é nesse espírito que o clube pretende dar os primeiros passos noutras modalidades: basquetebol, bilhar e até golfe estão no horizonte. Não por vaidade, mas por necessidade: dar às crianças e jovens da freguesia alternativas, ferramentas de crescimento, meios para se desenvolverem dentro e fora da competição. Com o ténis de mesa como modalidade rainha do clube.

Onde o desporto é também cultura

A conectividade da Ponta do Pargo não são somente raquetes e bolas de ténis de mesa. Desde a sua génese, a palavra “cultural” surge no seu nome — e esse lado continuará a ser acarinhado. A promoção de atividades recreativas, eventos comunitários e a ligação às tradições locais fazem parte da identidade da instituição. O clube é uma âncora de coesão social — e continuará a sê-lo.

A presença de representantes da junta de freguesia, da câmara municipal e de outras entidades na cerimónia de tomada de posse mostra que o trabalho feito ao longo de mais de duas décadas é reconhecido. Há respeito. Existe admiração. E, sobretudo, há expectativa.

O que se segue?

Com Ilídio Gonçalves na presidência, o clube olha em frente com a confiança de quem conhece os ventos e já navegou em mar revolto. As fundações são sólidas. A equipa está motivada. A visão está clara: consolidar o que foi feito, abrir espaço para o novo, continuar a fazer do desporto um lugar de encontro, de crescimento e de futuro.

O clube situado numa das pontas da ilha continuará a ser, certamente, um farol de oportunidades — mas agora com uma bússola firme nas mãos de quem conhece a casa e o mar.

Sons que não se apagam

Garrido faleceu, em abril passado, mas deixou acesa a chama. A sua luz continua na mesa onde uma criança bate a primeira bola. Está no aplauso das bancadas, na alegria das vitórias, na aprendizagem das derrotas.

A sua memória estará sempre gravada nas paredes do pavilhão e no coração de cada atleta que, algum dia, vestiu a camisola do clube. E, como o farol de Ponta do Pargo, continuará a orientar o caminho de todos os que acreditam que o desporto muda vidas — mesmo quando a luz parece distante. 

Se o passado nos ensinou alguma coisa, é que com trabalho duro, paixão e comunidade, tudo é possível. é possível.

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