Portugal Sub-15 segue no Europeu após vitórias sobre a Suíça e Hungria

                                                                            Por António Vieira Pacheco

Madeirense em alto nível em Ostrava.
Créditos: FPTM. Leonor Gomes é a pilar da equipa lusa, mas Irina Silva brilha ante a Hungria.

Play-off passado com autoridade frente à Suíça

A seleção feminina Sub-15 de Portugal começou da melhor forma a fase decisiva do Campeonato da Europa de Ténis de Mesa, ao vencer com clareza a Suíça por 3-0 no play-off de acesso aos oitavos de final. As atletas portuguesas demonstraram solidez, entrosamento e uma notável maturidade competitiva.

Irina Silva abriu o marcador frente a Enya Hu. Com um início dominador (6-11, 7-11), ainda cedeu o terceiro ‘set’ (11–5), mas respondeu de imediato, fechando o jogo no quarto parcial (7-11). Uma estreia segura, onde a consistência do jogo ofensivo fez a diferença.

Leonor Gomes entrou em cena contra Ilvi Ulrich e protagonizou um encontro equilibrado e intenso. Após vencer o primeiro ‘set’ (8-11), cedeu o segundo (11–8), mas recuperou no terceiro (5-11). Ulrich forçou o quinto ‘set’ com um 11–4, mas Leonor manteve-se fria e fechou com um 6-11 que confirmou o segundo ponto português.

No jogo de pares, Leonor Gomes e Maria Ruivo formaram uma dupla coesa frente a Ilvi Ulrich e Michelle Wu. As portuguesas venceram o primeiro ‘set’ com autoridade (6-11), lutaram até ao limite no segundo (11–13) e, apesar de um deslize no terceiro (11–9), fecharam o quarto ‘set’ por 9-11. Com isso, garantiram o 3-0 no marcador coletivo e o apuramento para os oitavos de final.

Duelo épico com a Hungria nos oitavos

Já nos oitavos de final, a oposição subiu de nível. Portugal encontrou uma Hungria aguerrida, tecnicamente forte, e o encontro foi decidido ao quinto e último jogo, com reviravoltas, emoção e uma exibição de garra inesquecível.

Irina Silva abriu contra Zsofia Fegyver e começou mal (11–8, 11–4), mas mostrou uma incrível capacidade de recuperação. Ponto a ponto, foi a inverter a tendência e venceu os três ‘sets’ seguintes (9-11, 10–12, 9-11), selando uma reviravolta cheia de fibra.

Leonor Gomes, no segundo jogo, protagonizou outro confronto de cinco ‘sets’ frente a Szonja Szogi. Após vencer os dois primeiros (7-11, 7-11), viu a adversária empatar o jogo (11–7, 11–7). No quinto e decisivo parcial, voltou a demonstrar sangue-frio e venceu por 9-11, deixando Portugal com uma vantagem de 2-0.

No jogo de pares, Fegyver e Szogi impuseram-se frente a Maria Ruivo e Leonor Gomes. A dupla húngara venceu por 3-1 (11-8, 12-14, 11-8, 11-9), reduzindo a diferença no marcador global.

O quarto jogo voltou a colocar frente a frente Zsofia Fegyver e Leonor Gomes. Foi um duelo tático, com bons momentos da portuguesa, que ainda venceu o terceiro ‘set’ (9-11), mas não conseguiu resistir à maior solidez da húngara nos momentos decisivos, perdendo por 3-1.

Tudo ficou então nas mãos de Irina Silva, que enfrentou Szonja Szogi. O início não podia ter sido pior: 11-3 e 11-9 para a húngara. Mas Irina manteve-se serena, corrigiu falhas, e venceu os dois ‘sets’ seguintes (7-11, 7-11). No quinto e último ‘set’, sob enorme pressão, voltou a brilhar com um 9-11 que garantiu a vitória final de Portugal por 3-2. 

Irina e Leonor: nomes a fixar

A dupla formada por Irina Silva e Leonor Gomes tem sido a espinha dorsal desta campanha. Ambas com duas vitórias individuais frente à Hungria, foram decisivas na eliminação de uma seleção sempre respeitada no panorama europeu da modalidade.

Irina tem-se destacado pela frieza nos momentos mais intensos: conseguiu duas viragens consecutivas em jogos a cinco ‘sets’ frente às duas principais jogadoras húngaras. Leonor, por sua vez, tem mostrado consistência notável, mantendo sempre Portugal competitivo nos pares e batalhando com raça nos jogos individuais.

Maria Ruivo, embora com menos tempo em campo, tem tido prestações sólidas, sobretudo no jogo coletivo — elemento essencial no equilíbrio da equipa.

Estas vitórias são mais do que números no quadro de resultados. São sinais claros de que Portugal está a formar uma geração competitiva, capaz de resistir à pressão e de se impor frente a adversários de peso.

O que impressiona nesta equipa é a combinação de talento técnico com uma maturidade rara para a idade. Jogam com inteligência, mas também com paixão. Sorriem entre pontos, mas lutam até à última bola.

Próxima paragem: a poderosa França

Nos quartos de final, Portugal terá pela frente um dos adversários mais temíveis da competição: a poderosa França. Uma seleção com tradição, profundidade e atletas altamente competitivas. O desafio será exigente, mas esta equipa portuguesa já provou que é capaz de surpreender.

Independentemente do resultado, a presença entre as oito melhores da Europa é já um feito de destaque — e uma promessa do que está por vir no futuro do ténis de mesa nacional.

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

João Paulo Brito: as vitórias sem árbitros oficiais no ténis de mesa

Gilberto Garrido é um farol da Madeira

José Santos, o árbitro mais antigo do ténis de mesa