Não há Canhão do Jamor, em Oeiras
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: Jamor sentirá a falta de Jaime Faria. |
A lesão de Jaime Faria — um
contratempo traiçoeiro que, com pés de veludo, lhe roubou o ímpeto. Era no pé
esquerdo que lhe nascia o voo, o mesmo que o levara aos céus do Rio de Janeiro,
onde ousou sonhar entre gigantes e chegou aos quartos de final do ATP 500 e
depois o de Santiago, no Chile, com a mesma cotação. Desde então, o silêncio da recuperação
tomou-lhe os dias, e ao invés de regressar aos palcos onde já gravara o nome,
o Canhão do Jamor vê-se forçado a aguardar, a torcer, a curar.
Na ausência do número dois luso — e
número 99 do mundo — o peso do protagonismo recai agora sobre Henrique Rocha no
Challenger de 125 de Oeiras. Com somente 20 anos e no 204.º posto do ‘ranking’,
o portuense é, por enquanto, o único português com lugar assegurado no quadro
principal. Carrega consigo a esperança de um público sedento por vitórias
nacionais, num torneio em que estrelas estrangeiras cruzam o Atlântico para
marcar presença.
Atrás dele, na sombra, mas prontos
para emergir, alinham-se nomes que respiram o pó dos courts com ambição e
humildade: Gastão Elias (342.º), o experiente combatente de tantos
duelos travados; Pedro Araújo (414.º), jovem de raqueta atrevida e olhar
firme; e Tiago Pereira (415.º), que vai a esculpir o seu percurso com
paciência e garra. A eles poderão juntar-se outros, vindos das fases de
qualificação ou convidados pela sorte de uma desistência alheia — porque o
ténis também se faz de oportunidades imprevistas.
Portugal, neste cenário, é terra de
promessas. Com Faria a recuperar na sombra e Rocha pronto a enfrentar a luz, o
futuro continua por escrever — em traços que, como sempre, se desenham dentro
das quatro linhas de um court e no coração de quem ousa acreditar.
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