Corpo em movimento, mente em paz: Benefícios das modalidades de raquetes
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: Direitos Reservados. Após os exercícios é fundamental para o corpo beber água. |
Num mundo onde o tempo escasseia e o
‘stress’ se acumula sem avisar, encontrar práticas simples que unam movimento,
prazer e equilíbrio emocional tornou-se uma necessidade urgente. Entre as
várias formas de cuidar do corpo e da mente, há uma categoria de desporto que é
muitas vezes subestimada no seu valor holístico: as modalidades de raquetes.
Ténis, ténis de mesa ou badminton não são somente jogos — são portais para uma
vida mais saudável, mais presente e mais leve.
Neste artigo, propomos uma viagem
pelas sensações e benefícios destas modalidades, não só como exercício físico,
mas como ferramentas de bem-estar acessíveis, envolventes e surpreendentemente
eficazes.
O encanto das raquetes: mais do que um simples jogo
As modalidades de raquete têm algo de
ancestral e intuitivo. Há uma certa magia em ver (ou sentir) uma bola cruzar o
espaço ao ritmo do nosso gesto. Seja com a precisão estratégica do ténis, a
velocidade do ténis de mesa ou a leveza quase aérea do badminton, todas
envolvem o corpo inteiro e desafiam os reflexos, o foco e a coordenação.
Mas a beleza destas modalidades não
está somente no movimento: está na forma como nos retiram do piloto automático
e devolvem-nos ao presente. Numa era de ecrãs e distrações constantes, há algo
profundamente terapêutico em seguir a trajetória de uma bola com o olhar
atento, em ouvir o som seco do impacto, em sincronizar o movimento com a
respiração.
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Créditos: Direitos Reservados. O corpo em movimento. |
Benefícios físicos evidentes (e
subtis)
Quando se fala de saúde, pensamos
logo no coração, nos músculos e nas calorias queimadas. E sim, estas
modalidades contribuem para isso. Jogar ténis, por exemplo, é uma excelente
atividade cardiovascular que melhora a resistência, o tónus muscular e a agilidade.
O ténis de mesa, embora menos exigente fisicamente, é uma explosão de
coordenação motora, rapidez e precisão. Já o badminton, com os seus saltos e
movimentos amplos, é um aliado poderoso para a resistência física e equilíbrio.
Mas para além dos músculos, há ganhos invisíveis, mais silenciosos, que também contam: o aumento da densidade óssea (essencial com o avançar da idade), o reforço do sistema imunitário e até o ajuste do ritmo circadiano. Mexer o corpo regularmente, especialmente com jogos que nos divertem, reequilibra todo o organismo.
Ginásio para a mente
As modalidades de raquete não
trabalham somente o corpo. São, por natureza, exercícios de atenção plena.
Num jogo de ténis ou ténis de mesa, não há espaço para pensar nas contas para
pagar ou na reunião de amanhã. Cada jogada exige presença total. O cérebro é
obrigado a responder rapidamente a estímulos visuais e motores, a calcular
distâncias, antecipar movimentos e adaptar estratégias.
Estudos indicam que praticar
regularmente este tipo de desporto contribui para melhorar a memória de
trabalho, o tempo de reação e até a flexibilidade cognitiva — a capacidade de
mudar de plano mental com rapidez. Além disso, ao lidar com vitórias e derrotas
constantemente, o praticante desenvolve competências emocionais como a
tolerância à frustração, a resiliência e a autorregulação.
Socialização e bem-estar emocional
A prática desportiva cria oportunidades naturais de socialização, algo fundamental
para o bem-estar mental. As provas de equipas ou de pares reduz sentimentos de
solidão, melhora o humor e incentiva relações interpessoais saudáveis.
E há algo mais: estas modalidades são
uma forma de brincar. Sim, mesmo para adultos. E brincar é um dos atos mais
terapêuticos que podemos oferecer a nós próprios. Retire-nos da rigidez, da
obrigação e convida à leveza, ao improviso, ao sorriso. Jogar, por simples que
pareça, é um ato de cuidar de si.
O desporto ao alcance de todos
Ao contrário do que muitos pensam,
estas modalidades não são exclusivas de clubes de elite ou atletas de alta
competição. Ténis, ténis de mesa e badminton são cada vez mais acessíveis.
Muitos centros desportivos e escolas têm campos ou mesas disponíveis a preços simbólicos, ou gratuitamente. Até um pátio, um parque ou uma garagem podem
servir como espaço de treino informal.
Mais ainda, são modalidades
adaptáveis a todas as idades e níveis de condição física. Uma criança pode
aprender ténis de mesa com os pais ao fim de semana. Um sénior pode manter-se
ativo com sessões leves de badminton. Um jovem pode encontrar uma alternativa divertida nestes desportos e motivadora ao ginásio.
Nutrir o corpo antes e depois do jogo
O bem-estar diário não vive só do
movimento. Vive também do que comemos e bebemos. Felizmente, o universo das
modalidades de raquetes convida a uma relação mais intuitiva e saudável com a
alimentação.
Antes do jogo, refeições leves e
energéticas — como fruta, iogurte, cereais integrais ou uma sandes de frango —
são ideais para manter a energia sem pesar o corpo. Durante a prática, a
hidratação com água ou bebidas naturais é essencial. Após o jogo, recuperar com
frutos secos, batidos ou pequenas refeições equilibradas auxilia o corpo a
restabelecer-se.
A ideia não é complicar, mas ouvir o
corpo. Comer com prazer, com calma, e ver o alimento como parte do ritual do
bem-estar.
Rituais que transformam o quotidiano
Incluir uma destas modalidades na
rotina, mesmo que uma ou duas vezes por semana, pode ser uma viragem na forma
como se vive o dia a dia. Não é só exercício — é tempo de qualidade. É desligar
do ruído exterior e sintonizar com o corpo, com o outro e com o momento
presente.
Transformar uma tarde de domingo num
jogo de ténis com amigos. Trocar uma noite de televisão por meia hora de
pingue-pongue em família. Aproveitar um fim de tarde para um badminton ao ar
livre. Pequenas ações, grandes mudanças.
Viver com mais leveza começa com um passo (ou um serviço)
As modalidades de raquetes são muito
mais do que desporto. Elas são práticas completas de bem-estar físico, mental e
emocional. Convidam ao movimento, mas também à presença, ao sorriso, à conexão e à
alegria. Elas são acessíveis, versáteis e profundamente humanas.
Num tempo em que tanto nos solicita para
correr, competir e produzir, o simples gesto de levantar uma raquete e jogar
pode ser um ato de resistência e de cuidado — connosco e com os outros.
A proposta é simples: mexa o corpo,
respire fundo, saboreie os instantes e, com isso, encontre aquela paz que
tantas vezes procuramos fora, mas que se revela dentro, no calor do jogo, na
simplicidade do gesto e no prazer de estar verdadeiramente vivo.
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