Paula Penedo: um novo capítulo na carreira

                                                         Por António Vieira Pacheco

A lisbosta reforça o Ugas.
Créditos: FPTM. Paula Penedo é a primeira contratação do Ugas de Ega para a próxima época.

Um percurso feito de resiliência

Lisboa foi o berço, mas a paixão pelo ténis de mesa levou-a muito mais longe. Paula Penedo é nome sobejamente conhecido nos circuitos do ténis de mesa português, com um percurso marcado por dedicação, longevidade e conquistas em diferentes frentes. Agora, para a época 2025/26, a atleta reforça oficialmente os UGAS ADC Ega, numa transição que assinala não somente uma mudança de clube, mas também um momento simbólico: a renovação contínua de quem nunca deixou de competir.

Do Boa Hora ao UGAS: quando o caminho exige decisões

Durante três épocas, Paula representou o Boa Hora, contribuindo ativamente nas competições da 1.ª e 2.ª Divisões nacionais. No entanto, a atleta viu-se forçada a procurar nova casa. A mudança não foi desejada, mas tornou-se inevitável.

Com serenidade, a atleta aceitou a proposta do UGAS, clube com tradição e estabilidade, onde irá reforçar não só o escalão de veteranos como também integrar o grupo sénior feminino. A opção encaixa na sua visão de compromisso: continuar ativa, competitiva e ligada ao mais alto nível do desporto que abraçou há décadas.

Jovem promessa, espírito persistente

Antes de ser referência entre veteranas, Paula fez o seu nome no plano jovem. Foi presença habitual nas seleções nacionais de formação, acumulando internacionalizações que cimentaram a sua reputação como atleta disciplinada e competitiva. Cresceu desportivamente numa geração exigente, e adaptou-se sempre às circunstâncias — fosse em grandes palcos internacionais ou nos circuitos nacionais de base.

Um palmarés europeu entre as melhores da Europa

Nos últimos anos, o brilho de Paula não esmoreceu — muito pelo contrário. No Campeonato Europeu de Veteranos (W45), conquistou:

  • 🥉 Medalha de Bronze Individual em 2022/23 (Noruega)
  • 🥉 Medalha de Bronze em Pares Femininos em 2024/25 (Sérvia)

Além disso, obteve um notável 3.º lugar no Campeonato Nacional de Pares Seniores Femininos (2024/25), provando que a sua qualidade técnica se mantém a par dos melhores.

Estes resultados colocam-na num patamar raro: o de uma atleta que continua a vencer após décadas de prática. E mais do que medalhas, são a consistência e a paixão pelo jogo que a distinguem.

Um reforço de peso para o UGAS

No UGAS, Paula encontrará um novo coletivo, novos desafios e a continuidade de um percurso de excelência. A equipa sénior feminina, embora sem ambições de subida imediata à I Divisão, ganha com a sua presença uma figura inspiradora — não só pela experiência, mas também pela ética competitiva.

Para a equipa de veteranos, o reforço é ouro sobre azul. Com a nova época prestes a arrancar, o clube aposta em manter-se relevante nos palcos nacionais e europeus. E com Paula no plantel, as possibilidades ganham outra dimensão.

Não uma despedida, mas uma escolha forçada

A saída do Boa Hora foi difícil. Segundo informação partilhada pela própria atleta ao EMM, a decisão da Beatriz Pinto sair para o CTM de Mirandela foi determinante. Paula teve de procurar um projeto que lhe permitisse continuar a competir com regularidade, sem deixar de honrar os compromissos familiares, pessoais e profissionais.

Não se despediu com mágoa, mas também não escondeu que teria preferido continuar se a equipa fosse da época anterior. Ainda assim, a sua postura mantém-se centrada no essencial: jogar, competir e melhorar.

Entre o passado e o futuro, a mesa como ponto fixo

No desporto, poucos conseguem estender uma carreira por tantas fases da vida: formação, alto rendimento, competição sénior e de veteranos. Paula Penedo é uma dessas exceções.

A sua história inspira não só pela longevidade, mas pela capacidade de reinvenção sem perder identidade. Em 2025/26, com o emblema do UGAS ao peito, continuará a ser presença obrigatória nas mesas portuguesas — e, quem sabe, nas europeias e mundiais no escalão de veteranos.

Porque há atletas que não precisam de despedidas formais: apenas continuam a jogar, discretamente, como quem nunca saiu de cena.

Leitura recomendada

Em junho, antes de qualquer anúncio oficial, Paula falava já do entusiasmo que a voltava a mover no ténis de mesa.
Numa entrevista intimista, partilhou emoções, motivações e o reencontro com a paixão pelo jogo.
📖 Leia aqui: “Entusiasmei-me e voltei a sonhar”

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