Crise no Ténis de Mesa chinês: Liu Guoliang demite-se da Presidência da Federação
🖋️ Por: António Vieira Pacheco
📸 Créditos: WTT
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Liu Guoliang renúncia ao cargo de Presidente da Federação chinesa. |
Um sismo no império da pequena bola branca
Menos de nove meses após a China
conquistar todos os ouros no ténis de mesa nos Jogos de Paris 2024, a modalidade vive uma reviravolta. Liu Guoliang, presidente da Federação Chinesa de
Ténis de Mesa, apresentou a sua demissão.
O anúncio surpreendeu o mundo
desportivo. Liu, uma lenda viva da modalidade, liderou a China como jogador,
treinador e dirigente durante mais de duas décadas.
Os motivos?
Calderano e a sombra da derrota
Uma das perguntas que surge
naturalmente:
A derrota para Hugo Calderano na Taça
do Mundo, em Macau, precipitou a saída?
O brasileiro tornou-se o primeiro
não asiático a vencer o torneio desde 2005, batendo atletas chineses em
solo chinês. Para muitos analistas, foi uma ferida simbólica no domínio
histórico da China, que poderia ter pesado na decisão de Liu.
O comunicado de Liu Guoliang
Com 49 anos e um currículo de 11
títulos internacionais entre Jogos, Mundiais e Taças do Mundo, Liu justificou a
saída com a inevitabilidade de “garantir continuidade até Los Angeles 2028” e
dedicar-se mais à família.
“O meu amor pelo ténis de mesa nunca
mudará”, escreveu no seu comunicado oficial.
O novo presidente será Wang Liqin,
bicampeão olímpico e vice-presidente da federação desde 2018. Considerado por
muitos o herdeiro natural de Liu, Wang traz uma postura mais próxima das novas
gerações, com perfil menos autoritário e mais diplomático.
O legado
- Como
treinador, liderou a China a 9 de 10 medalhas de ouro olímpicas
disponíveis.
- Como
presidente, perdeu somente uma final internacional em dez.
- Promoveu
talentos como Ma Long, Fan Zhendong e Sun Yingsha.
- Foi
um dos principais responsáveis pela criação do WTT, circuito
profissional global de ténis de mesa.
O que altera no
tabuleiro mundial?
➤ Fôlego para os rivais
Transições abrem sempre espaço.
Países como Japão, Coreia do Sul, Alemanha e França poderão beneficiar
de alguma instabilidade ou renovação na estrutura chinesa.
➤ Nova diplomacia desportiva
Wang Liqin poderá aproximar-se de
federações ocidentais e suavizar disputas internas na Federação
Internacional de Ténis de Mesa (ITTF).
➤ Foco na formação
A expectativa é de que Wang continue
o plano de descentralizar os centros de treino chineses, modelo iniciado
por Liu para garantir talentos em todas as províncias.
O ténis de mesa está a mudar
A saída de Liu Guoliang marca mais do
que uma mudança de cadeiras. Marca uma abertura simbólica do ténis de
mesa mundial, especialmente após Calderano mostrar que o topo não é
exclusivo da Ásia.
Para países como Brasil, Espanha, Portugal ou Egito, que investem em formação e competições internacionais, esta transição pode abrir espaço para novas narrativas e conquistas.
A saída de Guoliang é mais do que
um facto: é um marco na história do ténis de mesa moderno. O desporto
poderá estar à beira de uma nova era, com liderança renovada e margens mais
estreitas entre gigantes e aspirantes.
Aqui no Entrar no Mundo das
Modalidades, continuamos a seguir esta novela desportiva passo a passo.
Fontes de referência:
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