O afastamento temporário e não definitivo do Vice-Presidente Administrativo da FPTM

 Por António Vieira Pacheco 

É tempo de esclarecimento e reflexão no ténis de mesa nacional.
Créditos: Pixabay. É tempo de reflexão e comunicar no ténis de mesa português.

Reflexões sobre uma curta travessia

 No desporto, os silêncios também comunicam. No xadrez institucional do desporto, cada peça tem o seu lugar — e cada movimento, por mais discreto que seja, tem impacto. Por isso, não passou despercebida a alteração na composição da direção da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa (FPTM): a retirada do nome do Vice-Presidente Administrativo do portal oficial da federação.

A ausência de qualquer nota ou esclarecimento por parte da FPTM levantou perguntas legítimas. Não por suspeição, mas porque as estruturas desportivas vivem, cada vez mais, da confiança entre quem lidera e quem representa. E quando falta comunicação, sobra incerteza.

O xadrez da política do ténis de mesa.
Créditos: Direitos Reservados. O tabuleiro das decisões do ténis de mesa.


                Um ciclo breve… e um desaparecimento digital

Pouco mais de seis meses após a tomada de posse dos atuais órgãos sociais, o desaparecimento do nome de um dos vice-presidentes do site institucional causou estranheza. Não houve nota pública nem explicação oficial. A saída foi discreta, quase silenciosa.

Num contexto em que a estabilidade dos cargos é essencial para o planeamento e execução de projetos, um afastamento tão precoce — ainda mais sem enquadramento público — inevitavelmente levanta interrogações.

O próprio dirigente esclarece: afastamento, não demissão

Para esclarecer o sucedido, o Entrar no Mundo das Modalidades contactou diretamente o Vice-Presidente Administrativo em causa, Domingos Diniz. Em resposta, o dirigente afirmou que não se tratou de uma demissão, nem de qualquer conflito interno.

Segundo as suas palavras:

“Não fui demitido e não pedi a demissão. Solicitei para me afastar por um determinado tempo por motivos pessoais. Já estou em funções novamente”

Quando questionado sobre a razão de o seu nome ter sido removido do site da FPTM, respondeu: 

“Sim, é verdade. Pedi para o meu nome sair temporariamente de lá.”

Na data do contacto, hoje, garantiu estar presente na sede da federação, ao lado do Vice-Presidente Financeiro, José Viegas, reafirmando que mantém ligação com a estrutura federativa e já se encontra novamente em funções.

Retirar nomes de cargos: sinal ou formalismo?

Em contexto federativo, a retirada de um nome dos órgãos sociais no site institucional costuma, na prática, ser interpretada como cessação de funções. Ainda que não exista norma legal específica para tal, é assim que normalmente clubes, atletas, treinadores e árbitros o entendem.

Neste caso, o próprio dirigente reconhece esse entendimento, mas esclarece que se tratou de um afastamento temporário, voluntário e por motivos pessoais, e não de uma saída definitiva ou forçada.

A importância da comunicação institucional

Independentemente da legitimidade do afastamento — que, conforme o visado, é claro e justificado — a ausência de qualquer explicação por parte da FPTM levanta um ponto relevante: a comunicação é um dos pilares da boa governação desportiva.

Sem notas, comunicados ou uma frase que ajude a contextualizar o que se passou, o espaço vazio acaba por ser preenchido com dúvidas. Não necessariamente mal-intencionadas, mas dúvidas — e a dúvida é inimiga da estabilidade.

Estabilidade e previsibilidade são recursos estratégicos

Gerir uma federação vai muito além de desenhar calendários ou organizar competições. Implica manter uma estrutura funcional, representativa e previsível. Quando um dirigente se afasta pouco tempo após iniciar funções, é natural que os agentes da modalidade — clubes, técnicos, atletas, árbitros — se interroguem sobre o equilíbrio interno da direção.

Não se trata de julgar decisões pessoais, mas de reconhecer que transparência e estabilidade caminham lado a lado. E que mesmo em casos legítimos como este, o silêncio institucional pode ser contraproducente.

O ténis de mesa português precisa de comunicação clara

A modalidade vive um momento sensível, em que se acumulam desafios: arbitragem, financiamento, plano estratégico, representatividade. A coesão da equipa federativa é essencial para reforçar a confiança da comunidade desportiva.

Por isso, mesmo afastamentos temporários, como o aqui descrito, beneficiariam de uma nota oficial que desse o contexto adequado, evitasse mal entendidos e transmitisse segurança. Não se trata de dramatizar ausências, mas de comunicar com responsabilidade.

Na prática, a estrutura da FPTM continua a funcionar. O Vice-Presidente Administrativo permanece em funções e reafirmou estar no ativo, tendo sido contactado enquanto se encontrava na sede da federação, ao lado do Vice-Presidente Financeiro, José Viegas.

Ainda assim, a ausência de qualquer esclarecimento público da parte da federação mantém uma zona de sombra comunicacional que poderia ser facilmente resolvida com uma simples nota institucional.

O gesto de se afastar é legítimo. A razão invocada — motivos pessoais — é compreensível. Mas quando o silêncio substitui a explicação, o que fica por dizer fragiliza a imagem global da governação.

                                    Declaração de responsabilidade editorial

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