Francisca Jorge: A útima fortaleza em Guimarães
Por António Vieira Pacheco
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Créditos: FPT. Francisca Jorge muito perto de ser destronada de número um portuguesa pela irmã. |
Trono ameaçado de Francisca pela irmã
O coração do ténis português bateu
mais alto esta sexta-feira em Guimarães, e o seu compasso foi marcado por duas
irmãs, lado a lado, em duelo silencioso pelo trono.
Francisca Jorge, a mais velha, regressou à cidade-berço como rainha em título —
não somente do torneio que venceu há um ano, mas também da hierarquia nacional
que defende com o estoicismo de quem sabe o peso da liderança.
E como uma fortaleza que se recusa a
ruir, venceu duas vezes no mesmo dia. Primeiro, com precisão metódica, superou
Mana Kawamura por 6-3 e 6-1. Horas depois, enfrentou Hiromi Abe, número 367 do
mundo, e impôs o seu jogo com a firmeza de quem já conhece bem o caminho da
glória: 6-1 e 6-3.
Quando o trono é de sangue
Há algo de lendário em Guimarães —
onde nasceu Portugal, e onde agora se joga outra espécie de fundação: uma
disputa de irmãs vimaranenses pelo domínio do ténis nacional.
Matilde Jorge, a mais nova, empurra as portas do trono com a frescura de
quem vem de vencer oito partidas consecutivas. Traz consigo o ouro de Montemor
e a fome de primeira vez.
Francisca, por sua vez, segura o cetro com mãos experientes, mas sabe
que até as muralhas mais antigas precisam de renovação constante para não
caírem.
Uma final antes da final
Independentemente do que aconteça
numa possível final entre ambas, Matilde só precisa de mais uma vitória para
ultrapassar a irmã no ‘ranking’ mundial.
E isso transforma cada ponto de Francisca numa prece silenciosa, cada pancada
num manifesto de resistência.
A final de sábado será contra Clervie Ngounoue, número 242 do mundo. Mas todos sabem que o verdadeiro embate é mais profundo: é
entre gerações, entre sonhos e legados, entre o ontem e o quase amanhã.
O que fica?
Francisca Jorge não joga só para ganhar. Joga para
recordar quem foi, e talvez quem ainda pode ser. Num torneio com sabor a
regresso e a destino, ela ergue-se como a última fortaleza de um ciclo que
poderá, em breve, dar lugar a outro.
E se for para cair, que seja com
honra. Mas se for para resistir, que seja com toda a alma de Guimarães.
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